Prece de Cáritas

domingo, 21 de novembro de 2010

Novos Paradigmas













A visão que temos de nós mesmos está mudando. No conceito clássico newtoniano, os seres humanos não tinham lugar especial no Universo.

Eram apenas observadores.

O que acontecia, no seu exterior, era devido a forças e causas exteriores. Com a nova visão quântica de antes de 1935, descobrimos que podíamos conhecer a posição e o “momento” de cada objeto no Universo.


Mas esta descoberta tinha seus próprios limites: a natureza quântica só pode, tanto quanto possível, dar conta do lugar e momentos prováveis.

Desde 1935, nossa visão evoluiu para a idéia de que a inclusão da consciência humana no campo de pesquisas permitia o acesso à compreensão da natureza real do Universo.

Se nós mudamos nossa concepção do mundo, nossa nova visão mudará o futuro. Um dos campos mais promissores na pesquisa da realidade é o de alterar a visão da realidade restrita do “fora”, mudando nosso “dentro”. Talvez assim outros estados de consciência nos mostrem outros Universos.

Atualmente, a ciência se interessa cada vez mais pelo conceito de consciência. Depois de ter considerado o Universo como um “mundo máquina” e o ser humano como separado desse Universo, depois de ter considerado o corpo e o espírito como duas entidades distintas e separadas a ciência atual envereda pouco a pouco por um caminho onde a noção de corpo, de espírito e de Universo se torna UM nesta dimensão temporal.

Desse modo, matérias como a antigravitação, só os computadores ternários, os ELF (freqüências extremamente baixas), a holografia, a gravitação quântica, a energia supralumínica (teoria baseada no teorema de J.S Bell – cientista norte-americano- postulando que quando duas partículas gêmeas separadas se distanciam uma da outra à velocidade da luz, qualquer mudança provocada numa produz uma mudança simultânea na outra. Elas ficariam então, apesar da distância e da velocidade que as separam, intimamente ligadas, como se uma informação pudesse circular entre elas numa velocidade bem superior a da luz), se fazem objeto de pesquisas muito ativas.

Conceitos como a transferência supralumínica ou a conexão quântica provocam hoje os mesmos sentimentos de prudência que as visões copernicanas do século XVI.

Os que sentem atualmente as primícias de uma transformação subjacente, entendem que as correntes de pensamento dos próximos anos poderiam levar à detecção, à descoberta e à compreensão de leis invisíveis à volta de nós.

Como Está Sua Saúde?












Fui ao hospital do Senhor fazer um check-up de rotina e constatei que estava doente.

Quando Jesus mediu minha pressão, verificou que estava baixa de ternura.

Ao medir a temperatura, o termômetro registrou 40 graus de egoísmo.

Fiz um eletrocardiograma; foi diagnosticado que necessitava de uma ponte de amor, pois minha vida estava bloqueada e não estava abastecendo meu coração vazio.

Passei pela ortopedia, pois estava com dificuldade de andar lado a lado com meu irmão; não consegui abraçá-lo por ter fraturado o braço ao tropeçar na minha vaidade.

Constatou-se miopia, pois eu não conseguia enxergar além das aparências.

Queixei-me de não poder ouvi-lo; Jesus diagnosticou bloqueio em decorrência das palavras vazias do dia-a-dia.

Obrigado Senhor por não ter cobrado a consulta, por sua grande misericórdia.

Prometo ao sair daqui, usar somente os remédios naturais que me indicou e que estão no receituário do seu evangelho.

Vou tomar diariamente, ao me levantar, chá de agradecimento.

Ao chegar ao trabalho, beber uma colher de sopa de BOM DIA! De hora em hora, um comprimido de paciência com um copo de humildade.

Ao chegar em casa Senhor, vou tomar diariamente uma injeção de amor e, ao me deitar, duas capsulas de consciência tranqüila.

Agindo assim, tenho certeza de que não ficarei mais doente e todos os dias serão de confraternização e solidariedade.

Prometo prolongar este tratamento preventivo por toda a vida, obedecendo assim a sua Palavra.

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Fonte: Editora CLER

domingo, 31 de outubro de 2010

O Perfeccionismo

Competição faz parte da vida. Através dela aprendemos o que precisamos aperfeiçoar e no que somos mais fortes. Observamos o que nossos oponentes fazem e criamos estratégias para melhorar. Assim, a competição produz incentivos para o aprimoramento pessoal e cria oportunidades de descobrir o que somos capazes de fazer.

É ai que surge o perfeccionista.

Muitos perfeccionistas têm a sensação de estarem “se mordendo por dentro” quanto a pequenas coisas – ficam aborrecidos porque alguém deixa de arrumar a própria mesa de trabalho, ou porque chegou alguns minutos atrasado.

Mas perfeccionismo é mais do que procurar cabelo em casca de ovo. Existe uma filosofia permeando esses sintomas: “tenho de ser o melhor, senão não serei nada.”

As pessoas que abraçam a filosofia perfeccionista sentem que nada valem abaixo de seus padrões. Temem perder o controle e impõem restrições rígidas a elas mesmas e aos outros, para se sentirem seguras.

Acreditam que elas (e os outros) devem viver de acordo com suas expectativas mais elevadas e condenam qualquer um que não atinja esses níveis estratosféricos. Os perfeccionistas levam uma vida de sentimentos conflitantes. No mundo ou-ou do perfeccionista a vida parece branca ou preta, boa ou má, maravilhosa ou terrível. Eles lutam o quanto podem para terminar se sentindo tensos ao máximo - o oposto do que dizem que querem. Esse é o paradoxo do perfeccionista. E quando associa seu valor como ser humano a objetivos impossíveis, encontra caminho da tristeza e da infelicidade.

Os perfeccionistas estão sempre lutando para conseguir o que não podem obter, por isso acreditam que estão sempre para trás. Costumam lamentar-se sobre sua incapacidade de recuperar o tempo e as oportunidades perdidas. Paradoxalmente, acreditam que são melhores e que os outros são inferiores. Mas, muitas vezes também, pensam que algumas pessoas são superiores a eles.

É importante notar que estes estados mentais mudam de acordo com as circunstancias. Entretanto, surgem em suas vidas períodos de compreensão e tolerância. Numa avaliação empírica pode-se dizer: quanto mais curtos forem os períodos de tolerância, maiores as tendências perfeccionistas.

A recomendação que se pode dar a um perfeccionista que busca sua felicidade somente através de objetivos impossíveis, é que, então pegue um lampião e siga Diógenes em sua incessante busca do inatingível.

sábado, 30 de outubro de 2010

A Escolha





Uma fábula célebre, atribuída ao filósofo escolástico Buridan, conhecida como “O asno de Buridan”, mostra um asno que se deixa morrer de fome entre dois feixes iguais de feno, por não ter sido capaz de escolher entre os dois bens equivalentes. Mas Buridan pensa que o homem pode não morrer de fome como o asno, pois a vontade segue o juízo do intelecto.

Aristóteles já antecipara o caso de quem, sedento ou esfaimado, fica imóvel onde se acha, se a bebida e o alimento estiverem a igual distância. É uma prova, por absurdo, de que, na realidade, a escolha sempre se faz, o que nos remete ao decisionismo – tese de que certos problemas só podem ser resolvidos mediante uma escolha, ligada a um juízo de valor, que pode atingir inúmeras áreas da vida humana, freqüentemente a área moral.

Inscrito no campo semântico de desejar, querer, valorar/avaliar, decidir, agir os termos escolha/escolher relacionam-se também noções designadas por vontade, comportamento, norma, valor, liberdade etc. Nas primeiras investigações sobre a noção de escolha, Aristóteles, em sua Ética a Nicômaco, usou o termo proairesis (= pré-escolha, entre várias coisas): não sendo puramente um desejo, um apetite ou uma opinião, atua sob um princípio racional e atividade de pensamento. Para Aristóteles, é um ato de escolha,e, para Epiceto, é o que faz o homem ser o que é, o que constitui o próprio homem.

Em Filosofia moral, a escolha decorre de deliberação, com base na razão, que avalia os prós e contras, e os princípios que nortearam o processo- é a concepção intelectualista da escolha. Há casos em que o desejo a precede, e em outros dela pode estar ausente, quando acontece de uma coisa/alternativa/opinião/teoria parecer melhor, ou ajustar-se melhor a certas condições estabelecidas. Do extremo racionalismo, que exige sempre encontrar argumentos em favor de uma alternativa que eliminem as outras, ao decisionismo, que admite a feição subjetiva da escolha, com a participação de uma consciência moral ou de uma emoção, há posições intermediárias que admitem razões mais fortes ou persuasivas que outras. Exemplo disso é o desafio do grande movimento de sustentabilidade para preservação do meio ambiente, que enfrenta a atual geração, de renunciar a uma série de confortos e comodidades, em benefício da subsistência das gerações futuras ou para a construção de uma responsabilidade mais justa, igualitária etc. O racionalista dirá que se devem encontrar razões a favor ou contra o sacrifício da geração atual e o decisionista que se deve decidir a favor ou contra o sacrifício mesmo que não haja razões suficientes para apoiar a decisão que se tome. Constatamos isso nas conferencias mundiais sobre o meio ambiente. De todo modo, os partidários de ambas as posições sustentam que é possível: encontrar razões práticas que conduzam a uma decisão satisfatória, aceitável por todos, ou por quase todos, sem pretender, no entanto, que seja uma decisão absolutamente correta e para sempre; recorrer a prudência e/ou a um sentimento moral – não irracional, mas tampouco estritamente racional.

Impõem-se uma questão fundamental: como ensinar a escolher/tomar decisões? Basicamente sempre justificando o motivo pelo qual dizemos “sim” ou “não”, pois desse modo a mente infanto-juvenil cria a postura mental de remontar às causas, aos motivos das situações; e sempre discutindo opções e conseqüências com as crianças e jovens, incluindo-se principalmente as que eles apresentarem, para infundir-lhes fundamentos éticos, autonomia, assunção de responsabilidade individual e coletiva.

As decisões morais também mobilizam emoções, que circulam pelo cérebro por diferentes caminhos e velocidade, segundo conclusão de pesquisa coordenada por Antonio Damasio, diretor do Instituto do Cérebro e da Criatividade da Universidade do Sul da Califórnia, e publicada nos Proceedings of The National Academy of Sciences. Emoções mais complexas, “nobres”, como compaixão pelo sofrimento psicológico e a admiração pelo caráter de outras pessoas, seguem no córtex posteromedional, caminhos cognitivos distintos dos percorridos por emoções menos elaboradas, “primitivas”.

Questões éticas e morais exigiram alguns segundos a mais de processamento do que as demais, e no caso das emoções nobres, a atividade neuronal levou mais tempo para atingir o pico máximo. Os cientistas não sabem por que as decisões morais exigem mais tempo de reflexão do que as baseadas apenas em atributos físicos, mas fica para nós a advertência de que qualquer pressão prejudica esse tipo de escolha.

Pelo uso consciente do livre-arbítrio, caminhamos todos para certo tempo na trajetória evolutiva, a partir do qual os seres só conseguem fazer a Inevitável Escolha para o Bem, para o Amor, como Joana de Cusa, Kardec, Francisco de Assis, Bezerra de Menezes, Chico Xavier, e, acima de todos, Jesus.
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Fonte: Revista Cultura Espírita (setembro 2010)

sábado, 25 de setembro de 2010

Bons Amigos (Machado de Assis)

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!



Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!



Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!



Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.



Amigo é a base quando falta o chão!
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!



Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!



Obrigado, meus amigos!

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Contribuição do meu amigo/irmão Marcenal

domingo, 8 de agosto de 2010

Prece de Gratidão a Deus


“Senhor, obrigado pela vida, por existirmos e podermos compreender que todos nós devemos estender as mãos uns aos outros, sem preconceito de raça, nacionalidade, cor ou religião, para vivermos a pura fraternidade!

Nossa gratidão por tudo quanto temos recebido da Sua Infinita Bondade, e que haveremos de receber eternamente pelos séculos afora, mas que tenhamos sempre a humildade para aceitar a Sua vontade soberana acima da nossa!

Queremos agradecer, Pai Celeste, o céu que acende estrelas até o amanhecer, o sol que nos aquece, o canto alegre dos pássaros, o verde que veste as matas, os mares, os rios e cachoeiras, enfim, tudo quanto a natureza nos dá, em nome da Sua Infinita Perfeição!

Senhor da vida! Conceda-nos sempre a iluminação para que as nossas almas entendam cada vez mais as lições imortais de Jesus, nosso guia e modelo oferecido pela Sua generosidade!

Suprema Inteligência do Universo! Derrama sobre todas as criaturas humanas suas bênçãos de bondade e amor, para que, unidas pelo sentimento de fraternidade, venham a construir um mundo onde a paz reine para todo o sempre!

Nosso Pai que estás nos céus! Pai de todas as criaturas, de todas as nacionalidades, dos ateus, dos seguidores de todas as religiões, dos ricos e dos pobres, enfim, das pessoas de todas as condições sociais; ao raiar de mais um dia, dá-nos o júbilo da esperança, a benção do trabalho e a confiança no futuro!

Assim seja, Senhor! Porque cremos na Sua Infinita Misericórdia, que sustenta a todos nós, Seus filhos, em todos os recantos da Terra e de todo o Universo!”

(Fonte: Radio Rio de Janeiro - 1400AM)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Carta do Senador Públio Lentulus sobre Jesus

(Este documento foi encontrado no arquivo do Duque de Cesadini, em Roma. Essa carta, onde se faz o retrato físico e moral de Jesus, foi mandada de Jerusalém ao imperador Tibério César, em Roma, ao tempo de Jesus., pelo Senador Públio Lentulus)

"Sabendo que desejas conhecer quanto vou narrar, existindo nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade, ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra: é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto, e há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo.
Tem os cabelos da cor amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes.

Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos nazarenos, o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis.

A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio, seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade.

Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo, jamais, visto por estas partes uma mulher tão bela, porém, se a majestade tua, ó Cézar, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível.

De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram.

Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de Tua Majestade; eu sou grandemente molestado por estes malignos hebreus.
Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo, aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.

Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo... Públio Lentulus, presidente da Judéia
Lindizione setima, luna seconda.”
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Fonte: Rádio Rio de Janeiro 1400 AM

O Futuro da Humanidade




A humanidade na Terra está apenas começando, uma vez que o Homo Sapiens só apareceu há algumas dezenas de milênios, tempo infinitamente pequeno se o compararmos às dezenas de milhões de anos exigidos pela diferenciação dos grandes grupos animais.


Não é de espantar, conseqüentemente, que a humanidade tenha permanecido mais ou menos idêntica a ela mesma. Além disso, porque teríamos nós chegado a um ponto singular no Tempo? A evolução nunca se afastou de seu esforço. Constantemente elevou-se, degrau em degrau, para chegar ao homem. Sua marcha passada é uma garantia do futuro e nada indica que o pensamento e a consciência tenham atingido em nós seu ponto culminante.

Os estados que foram adquiridos durante a evolução, pareceriam sem dúvida, completamente incríveis num estado anterior.
Quem contemplando uma ameba quando ela era a mais alta forma de vida, poderia imaginar a águia e o leão? E quem, considerando o estágio atual de desenvolvimento humano, poderia fazer uma idéia do que será o ser que substituirá o homem como ele mesmo substituiu o antropomorfo?

De qualquer maneira, não é fazer ato de fé imprudente acreditar no surgimento futuro de uma humanidade evoluída, de cérebro aperfeiçoado, que nascerá Talvez de nós mesmos.
O Universo, segundo alguns o Ser Transcendente que governa os mundos e orienta os destinos, soube esperar bilhões de anos o aparecimento da espécie humana em nosso planeta, e concederá também, sem dúvida, o tempo necessário à realização de uma raça superior.

Porém, esse destino majestoso, esse futuro imenso e esplêndido, essa emergência de um novo limiar evolutivo já se exprime na necessidade de superação que se observa em todos os campos da atividade e do pensamento humano, poderemos nós assegurá-lo? Sim, primeiro evitando provocar uma regressão por uma aterradora guerra nuclear, e, de maneira positiva, cultivando o nosso aperfeiçoamento.

Carregamos, por hereditariedade, os pensamentos de uma multidão de grandes antepassados. Cabe-nos fazer surgir desse precioso patrimônio a misteriosa profundidade de nossas células cerebrais, ultrapassá-la, subir sempre mais e tornarmo-nos os ascendentes daqueles que o futuro reverenciará. Assim fazendo, realizamos nossas esperanças de uma existência mais serena e lúcida com a certeza de caminhar em linha reta pelo grande caminho da evolução e do progresso.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Santo Expedito



Segundo a tradição, era armênio, não se conhecendo o lugar de seu nascimento. Era chefe da 12ª Legião Romana, cognominada "Fulminante", estabelecida em Metilene, na Capadócia, sede de uma das províncias romanas da Armênia, e onde sofreu seu martírio.

A Armênia foi uma das primeiras regiões a receber a pregação dos apóstolos Judas Tadeu, Simão e Batolomeu, mas foi também local de inúmeras perseguições aos cristãos. Essa região foi regada com o sangue de muitos mártires, entre eles Santo Expedito, levado à morte a 19 de Abril de 303, sob o poder de Deocleciano.

Deocleciano subiu ao trono de Roma em 284 e, devido ao seu caráter, parecia oferecer aos cristãos garantias de benevolência, pois havia em seu palácio a liberdade de religião.

Porém, por influências de seu genro pagão, Galero, determinou a perseguição dos cristãos, ordenando a destruição de igrejas e livros sagrados, a suspensão das assembléias cristãs e a renúncia de todos os cristãos. Galero, sempre incitado por sua mãe, também pagã, queria abolir para sempre o Cristianismo e, através de insinuações maldosas e mentiras, fez Deocleciano crer que o cristianismo conspirava de várias formas contra a nobreza do imperador.

Deocleciano, então, empreendeu a exterminação sistemática dos cristãos, envolvendo, inclusive, os membros de sua própria família e os servidores de seu palácio. O evento tornou-se um holocausto sangrento, com oficiais, magistrados, o bispo da Nicomédia (Antino), padres, diáconos e simples fiéis, assassinados ou afogados em massa.


A energia do generoso soldado Expedito e sua situação de chefe de legião chamaram a atenção de Deocleciano quando as perseguições começaram. Entre muitos que já haviam pagado com a vida, estavam Maurício, outro chefe de legião, Marcelo, centurião romano e Sebastião, tribuno da guarda pretoriana, hoje conhecido como São Sebastião. Sendo assim, Expedito e seus companheiros de armas, cheios de admiração pelo capitão Sebastião, prometeram imitar sua conduta, sabendo que teriam a mesma sorte de enfrentar a morte a ter que renunciar sua fé.

Assim ocorreu com Santo Expedito que, depois de ser flagelado até derramar sangue, teve a cabeça decepada. Era o dia 13, das calendas de Maio, ou 19 de Abril de 303, afirmam os martinólogos da época. Somente em 324, com a retomada da autoridade do imperador cristão Constantino, as terríveis perseguições tiveram fim.

O culto à Santo Expedito se estabeleceu em sua pátria, transpondo o Oriente e passou para a Alemanha meridional. De lá se espalhou pela Itália, Espanha, França e Bélgica. Em várias igrejas do mundo apresentam-se estátuas representando Santo Expedito, com traje legionário, vestindo uma túnica curta e um manto jogado militarmente atrás dos ombros, tendo postura militar. Em uma mão segura uma palma e na outra uma cruz.

Com seu pé, esmaga um corvo, que se consome a lançar seu grito habitual: "Crás" ("Amanhã", o deixar para o dia seguinte ou mais tarde, tudo o que se deve cumprir imediatamente). Santo Expedito responde à ave, com a cruz que segura na mão direita, "Hodie!" ("Hoje", sua vontade de lançar fora qualquer retardamento ou hesitação no cumprimento da tentação).

Por este motivo, é invocado nos casos que exigem solução imediata e recebeu o título de patrono das "Causas Urgentes". Ele não adia seu auxílio para amanhã, atende sua prece hoje ou na hora em que mais se precisa de ajuda.

domingo, 11 de abril de 2010

São Jorge









São Jorge - Dia: 23 de abril

História :

Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge. Filho de pais cristãos, Jorge aprendeu desde a sua infância a temer a Deus e a crer em Jesus como seu salvador pessoal.

Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe após a morte de seu pai. Lá foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade - qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções.

Por essa época, o imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses.

Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens. Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE.

O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE ?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiando me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade."

Como São Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Jorge sempre respondia:

"Não, imperador ! Eu sou servo de um Deus vivo ! Somente a Ele eu temerei e adorarei".

E Deus, verdadeiramente, honrou a fé de seu servo Jorge, de modo que muitas pessoas passaram a crer e confiar em Jesus por intermédio da pregação daquele jovem soldado romano.

Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito em seu plano macabro, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus no dia 23 de abril de 303. Sua sepultura está na Lídia, Cidade de São Jorge, perto de Jerusalém, na Palestina.

A devoção a São Jorge rapidamente tornou-se popular. Seu culto se espalhou pelo Oriente e, por ocasião das Cruzadas, teve grande penetração no Ocidente.
Verdadeiro guerreiro da fé, São Jorge venceu contra Satanás terríveis batalhas, por isso sua imagem mais conhecida é dele montado num cavalo branco, vencendo um grande dragão. Com seu testemunho, este grande santo nos convida a seguirmos Jesus sem renunciar o bom combate.

Lendas:

Um horrível dragão saía de vez em quando das profundezas de um lago e se atirava contra os muros da cidade trazendo-lhe a morte com seu mortífero hálito. Para ter afastado tamanho flagelo, as populações do lugar lhe ofereciam jovens vítimas, pegas por sorteio. um dia coube a filha do Rei ser oferecida em comida ao monstro. O Monarca, que nada pôde fazer para evitar esse horrível destino da tenra filhinha, acompanhou-a com lágrimas até às margens do lago.

A princesa parecia irremediavelmente destinada a um fim atroz, quando de repente apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era São Jorge.

O valente Guerreiro desembainhou a espada e, em pouco tempo reduziu o terrível dragão num manso cordeirinho, que a jovem levou preso numa corrente, até dentro dos muros da cidade, entre a admiração de todos os habitantes que se fechavam em casa, cheios de pavor. O misterioso cavaleiro lhes assegurou, gritando-lhes que tinha vindo, em nome de Cristo, para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados.
Fatos:

Desde o século VI, havia peregrinações ao túmulo de São Jorge em Lídia. Esse santuário foi destruído e reconstruído várias vezes durante a história.

Santo Estevão, rei da Hungria, reconstruiu esse santuário no século XI. Foram dedicadas numerosas igrejas a São Jorge na Grécia e na Síria.

A devoção a São Jorge chegou à Sicília na Itália no século VI. No séc. VII o siciliano Papa Leão II construiu em Roma uma igreja para S. Sebastião e S. Jorge. No séc. VIII, o Papa Zacarias transferiu para essa igreja de Roma a cabeça de S. Jorge.

A devoção a São Jorge chegou a Inglaterra no século VIII. No ano de 1101, o exército inglês acampou na Lídia antes de atacar Jerusalém. A Inglaterra tornou-se o país que mais se distinguiu no culto ao mártir São Jorge...

Em 1340, o rei inglês Eduardo III instituiu a Ordem dos cavaleiros de São Jorge.

Foi o Papa Bento XIV (1740-1758) que fez São Jorge, padroeiro da Inglaterra até hoje.

Em 1420, o rei húngaro, Frederico III (1534) evoca-o para lutar contra os turcos.

As Cruzadas Medievais tornaram popular no ocidente a devoção a São Jorge, como guerreiro, padroeiro dos cavaleiros da cruz e das ordens de cavalaria, para libertar todo país dominado e para converter o povo no cristianismo.
O Sr. Cardeal D. Eugenio Sales, assim se pronunciou:

"A devoção de São Jorge nos deve levar a Jesus Cristo".

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ansiedade e Serenidade


Os pesquisadores de opinião informam que a maioria das pessoas sente mais ansiedade diante da idéia de falar em público do que diante da idéia da morte.

Tornamo-nos mais ansiosos sobre o que vestir do que sobre como viver.
Ficamos mais ansiosos por não encontrarmos um lugar para estacionar do que por não encontrarmos soluções para a injustiça social e econômica.
Preocupamo-nos mais com o crescimento de nossos investimentos do que com o nosso próprio crescimento.

Mas é possível aprender a permitir que a ansiedade nos conduza por um caminho de paz interior. A serenidade não é a ausência permanente de ansiedade, mas uma confiança interior derivada de transformar a ansiedade natural em fé.

A maneira genuína de dominar a ansiedade é transformadora, ela muda a ansiedade transformando-a na paz que supera a compreensão. Saber como sentir ansiedade em relação ao que vale a pena é vital para o crescimento pessoal. Nossa reação ao sentimento básico da ansiedade determina nosso caráter e nossa personalidade.

A serenidade não evita os problemas da vida cotidiana nem interpreta as duras realidades da existência. A serenidade genuína só se desenvolve a partir da aceitação irrestrita da condição humana. A paz de espírito não é estática, algo que alcançamos de uma vez para sempre.

“Iluminação”, “salvação” e “céu” implicam uma serenidade permanente, mas originam-se na aceitação da condição humana, e não da tentativa de transcendê-la. A serenidade – palavra que vem do latim e significa clareza – é o resultado de ver a vida com clareza, sem os filtros habituais.

Costuma-se confundir a serenidade com um estado estático, ao invés de compreendê-la como um processo dinâmico e em evolução. Ambas as polaridades – ansiedade e serenidade, conflito e paz – são essenciais ao crescimento.

A ansiedade acompanha o desequilíbrio da mudança, aqueles momentos em que deixamos possibilidades novas e desconhecidas perturbarem nossos velhos esquemas mentais.

A paz de espírito surge ao entendermos o apelo da ansiedade e atuarmos para integrar com êxito o novo crescimento à nossa totalidade.
Então à medida que a roda do crescimento continua a girar, experimentamos de novo a ansiedade do desconhecido.

Ao nos tornarmos capazes de saudar a ansiedade com a mesma presteza com a qual saudamos a serenidade, experimentaremos a verdadeira paz, a paz profunda que transmite compreensão.
Aí a experiência da ansiedade não mais nos deixará ansiosos, mas se transformará na mais profunda fé.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Jesus, O Filho do Homem (por Khalil Gibran)


Para estes dias onde devemos lembrar o sentido do Mestre ter vindo até nós, e o que representa ter sido mãe de Jesus


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SUSANA DE NAZARÉ, UMA VIZINHADE MARIA
Jesus Jovem e Adulto

Conheci Maria, mãe de Jesus, antes que se tornasse a mulher de José o Carpinteiro, quando ambas ainda éramos solteiras.

Naquele tempo, Maria costumava ter visões e ouvir vozes, e falava de mensageiros celestes que apareciam em seus sonhos.

E o povo de Nazaré se preocupava com ela e observava suas idas e vindas. E todos a olhavam com olhos carinhosos, porque havia alturas em sua testa e espaços em seu andar.

Mas alguns diziam que ela estava possessa. Diziam isso porque ela só se conduzia de acordo com suas convicções.

Ela me parecia idosa, quando era ainda jovem, porque havia uma colheita em sua floração e fruto maduro em sua primavera.

Nascera e crescera entre nós; entretanto, era como uma estranha vinda do País do Norte. Em seus olhos, havia sempre o espanto de alguém que não está ainda familiarizado com nossas faces.

E era tão altiva quanto a Míriam de antanho, que andou com seus irmãos do Nilo até o deserto.

Depois, Maria desposou o carpinteiro José.
Quando Maria estava esperando Jesus, costumava andar por entre as colinas e voltar ao entardecer, com formosura e dor em seus olhos.
E quando Jesus nasceu, contaram-me que Maria disse à sua mãe: "Não passo de uma árvore não podada. Cuida tu deste fruto." Marta, a parteira, ouviu-a.

Depois de três dias, visitei-a. E seus olhos estavam maravilhadoss, e seus seios túrgidos, e seu braço envolvia seu primogénito como a concha envolve a pérola.

Todos nós amávamos o bebé de Maria e O observávamos, pois havia calor em Seu ser, e Ele palpitava com o ritmo de Sua vida.

Passaram-se as estações, e Ele tornou-se um menino cheio de risos e pequenas vagueações.
Ninguém entre nós sabia o que Ele iria fazer, pois parecia sempre fora da nossa espécie. Mas nunca era repreendido, apesar de ser temerário e superousado.

Brincava com os outros meninos mais do que estes bincavam com Ele.
Aos doze anos, ajudou, um dia, um cego a atravessar um riacho e atingir a segurança da grande estrada.

E, agradecido, o cego perguntou-lhe: "Menininho, quem és tu?"
E Ele respondeu: "Eu não sou um menininho. Eu sou Jesus."
E o cego perguntou: "Quem é teu pai?"
E Ele respondeu: "Deus é meu pai."
O cego riu-se e replicou: "Muito bem, meu menino. E quem é a tua mãe?"
E Jesus respondeu: "Eu não sou teu menino. E minha mãe é a Terra."
E o cego disse: "Então, olha aqui, fui conduzido através do riacho pelo filho de Deus e da Terra."
E Jesus respondeu: "Conduzir-te-ei aonde quer que fores, e meus olhos acompanharão teus passos."
E Ele cresceu como uma palmeira preciosa em nossos jardins.

Quando tinha dezenove anos, era tão garboso quanto um cervo, e Seus olhos eram como mel, e cheios do assombro dos dias.

E na Sua boca havia a sede do rebanho do deserto pelo lago.
Costumava andar sozinho pelos campos, e nossos olhos O seguiam, e os olhos de todas as moças de Nazaré. Mas ficávamos acanhadas ante Ele.
O amor sempre fica acanhado ante a beleza, embora a beleza seja sempre perseguida pelo amor.
Depois, os anos levaram-No a falar no templo e nos jardins da Galiléia.
E, às vezes, Maria O seguia para escutar-Lhe as palavras e ouvir as batidas de seu próprio coração. Mas quando Ele e aqueles que O amavam desceram para Jerusalém ela não os acompanhou.

Porque nós, do País do Norte, somos frequentemente motejados nas ruas de Jerusalém, mesmo quando vamos levar nossas oferendas ao templo.

E Maria era muito orgulhosa para submeter-se ao País do Sul.
E Jesus visitou outras terras no leste e no oeste. Não sabíamos que terras Êie visitava; contudo, nossos corações O seguiam.
Mas Maria esperava-O no limiar da casa e, cada entardecer, seus olhos procuravam na estrada pela Sua volta.

Entretanto, após a Sua chegada, ela costumava dizer-nos: "Ele é grande demais para ser meu Filho, eloquente demais para meu coração silencioso. Como poderei reclamá-Lo?"
Parecia-nos que Maria não podia acreditar que a planície tivesse dado nascimento à montanha. Na candura do seu coração não via que a crista do monte é o caminho para o cume.
Ela conhecia o homem, mas, porque Ele era seu Filho, não se atrevia a conhecê-Lo.
E num dia em que Jesus tinha ido ao lago encontrar-se com os pescadores, ela me disse: "Que é o homem senão este ser inquieto que deseja elevar-se da terra; que é o homem senão um anseio que almeja as estrelas?
"Meu filho é um anseio. Ele é todos nós em nosso anseio pelas estrelas.
"Disse: meu filho? Que Deus me perdoe. Entretanto, em meu coração, eu seria sua mãe."
Agora, é difícil falar mais de Maria e de seu filho; mas embora haja debulhos na minha garganta e minhas palavras cheguem a vós como coxos em muletas, preciso relatar o que vi e ouvi.
Foi na juventude do ano, quando as anémonas vermelhas enchiam os montes, que Jesus chamou Seus discípulos, dizendo-lhes: "Vinde comigo a Jerusalém e testemunhai o sacrifício do cordeiro para a Páscoa."

Naquele mesmo dia, Maria chegou à minha porta e disse: "Ele vai à procura da Cidade Santa. Não queres vir e segui-Lo comigo e as outras mulheres?"
E caminhamos pela longa estrada atrás de Maria e de seu filho, até que chegamos a Jerusalém. E um grupo de homens e mulheres saudou-nos à porta da cidade, pois Sua vinda havia sido anunciada àqueles que O amavam.
Mas, nessa mesma noite, Jesus saiu da cidade com Seus homens.
Disseram-nos que tinham ido a Betânia.
E Maria ficou conosco na estalagem, esperando Sua volta.
Pelo anoitecer da quinta-feira seguinte, Ele foi capturado fora das muralhas e feito prisioneiro.
E quando soubemos que Ele estava preso, Maria não pronunciou uma palavra; mas surgiu em seus olhos o cumprimento daquela promessa de dor e alegria que tínhamos observado quando ela era apenas uma noiva em Nazaré.
Ela não chorou. Movia-se entre nós como o fantasma de uma mãe que recusa deplorar o fantasma de seu filho.

Sentamo-nos no chão, mas ela permaneceu de pé, caminhando na sala para cima e para baixo.

Ficava, às vezes, parada junto à janela, olhando fixamente na direção do leste e, então, com os dedos das duas mãos, penteava o cabelo para trás.
Ao amanhecer, ainda permanecia de pé entre nós, como uma bandeira solitária num campo de batalha onde não há exércitos.

Nós chorávamos porque sabíamos qual ia ser o amanhã do seu filho; mas ela não chorava porque também sabia o que Lhe iria acontecer.

Seus ossos eram de bronze; e seus nervos, de olmo antigo; e seus olhos eram largos e ousados, como o firmamento.

Já ouvistes um tordo cantar enquanto seu ninho se queima ao vento?

Já vistes uma mulher cuja tristeza é grande demais para o pranto, ou um coração ferido que se eleva acima de sua dor?

Nunca vistes uma tal mulher, porque não estivestes na presença de Maria; e não fostes envolvidos pela Mãe Invisível.

Naquele momento imóvel, quando os cascos abafados do silêncio batiam nos peitos dos insones, João, o jovem filho Zebedeu, veio e disse: "Mãe Maria, Jesus está indo. Sigamo-lo
E Maria pôs a mão sobre o ombro de João, o saíram, e nós os seguimos.
Quando chegamos junto à Torre de Davi, vimos Jesus carrengando Sua cruz. E havia enorme multidão à Sua volta.

E dois outros homens também estavam carregando suas cruzes.
E Maria mantinha a cabeça erguida, e caminhava conosco atrás de seu filho. E seu passo era firme.
E atrás dela seguiam Sião e Roma, sim, o mundo inteiro, para se vingar sobre um Homem livre.
Quando atingimos o monte, Ele foi erguido na cruz.
E olhei para Maria. E sua face não era a face de uma mulher desolada. Era o semblante da terra fértil, sempre dando nascimento, sempre enterrando filhos.
Então, veio-lhe aos olhos a lembrança de Sua infância, e ela disse em voz alta: "Meu filho, que não é meu filho, homem que uma vez visitaste meu ventre, glorio-me de teu poder. Sei que cada gota de sangue que emana de tuas mãos será a corrente salvadora de uma nação.
Morres nesta tarde tempestuosa como meu coração uma vez morreu ao pôr do sol, e não me entristecerei."
Naquele momento, desejei cobrir meu rosto com meu manto e fugir para o País do Norte. Mas, de repente, ouvi Maria dizer: "Meu filho, que não é meu filho, que disseste ao homem que está à tua direita, que o fez feliz em sua agonia? A sombra da morte é luz sobre sua face, e ele não pode tirar os olhos de ti.

"Agora, sorris para mim, e porque sorris sei que venceste."

Então Jesus olhou para Sua Mãe e disse: "Maria, a partir de agora sê a mãe de João."
E a João Ele disse: "Sê um filho amoroso para essa mulher. Vai a sua casa, e que tua sombra cruze o limiar onde outrora me postei. Faze isso em minha memória."

E Maria levantou a mão direita na direção Dele, e ela era como uma árvore com um ramo só. E novamente gritou: "Meu filho, que não é meu filho, se isto é de Deus, que Deus nos dê paciência e compreensão. E se é do homem, que Deus o perdoe para sempre.

"Se é de Deus, a neve do Líbano será tua mortalha e se é somente destes sacerdotes e soldados, então eu tenho essa vestimenta para tua nudez”.

"Meu filho, que não é meu filho, o que Deus constrói aqui jamais perecerá; e o que o homem procura destruir permanecerá construído, embora não à sua vista."
E nesse momento, os céus O cederam à terra, um grito e um suspiro.
E Maria cedeu-O também ao homem, um ferimento e um bálsamo.
E Maria disse: "Olhai agora, ele se foi. A batalha está terminada. A estrela já brilhou. O navio chegou ao porto. Aquele que apertei contra meu peito está palpitando no espaço."

E nos aproximamos dela, e ela nos disse: "Mesmo na morte, ele sorri. Venceu. Fui sem dúvida a mãe de um vencedor."

E Maria voltou a Jerusalém, apoiada em João, o jovem discípulo.
E era uma mulher realizada.

E quando alcançamos a porta da cidade, fitei sua face e fiquei espantada, porque, naquele dia, a cabeça de Jesus alteava-se sobre todos os homens, mas a cabeça de Maria não estava menos alta.

Tudo isso se passou na primavera do ano.

E agora é o outono. E Maria, a mãe de Jesus, voltou novamente à sua casa, e encontra-se sozinha.

Há dois sábados, meu coração era como uma pedra em meu peito, porque meu filho me tinha abandonado por um navio em Tiro. Quer ser marinheiro.

E disse que nunca mais voltaria.

E, numa tarde, procurei Maria.
Quando entrei em sua casa, ela estava sentada ao tear, mas não estava tecendo. Olhava para o céu além de Nazaré.

E eu disse-lhe: "Salve, Maria."
E ela estendeu-me a mão. e disse: "Vem e senta-te junto de mim e observemos o sol derramar seu sangue sobre os montes."

E sentei-me no banco ao seu lado, e ficamos olhando o poente através da janela.

E, depois de um momento, Maria disse: "Não sei quem estará crucificando o sol, nesta tarde."
Então eu disse: "Vim procurar-te para me consolar. Meu filho deixou-me pelo mar e fiquei sozinha na minha casa do outro lado da estrada."

E Maria disse: "Eu te consolaria, mas como fazê-lo'"

E eu disse: "Bastaria que me falasses de teu filho para que fique consolada."

E Maria sorriu para mim, pôs a mão no meu ombro e disse: "Falar-te-ei dele. O que te consolará me consolará também."

Então ela falou de Jesus, e falou longamente de tudo que acontecera no começo.
E parecia-me que, em suas palavras, não fazia diferença entre seu filho e o meu.
Pois disse-me: "Meu filho é também um navegante. Por que não confiar teu filho às ondas como confiei o meu?

"A mulher será sempre ventre e berço, mas jamais tumba. Morremos para dar a vida à vida, tal como nossos dedos tecem o fio para o tecido que nunca usaremos.
"E lançamos a rede para o peixe que nunca provaremos.
"E por isso nos entristecemos, embora em tudo isso esteja a nossa alegria."
Assim me falou Maria.

E eu a deixei e vim para minha casa, e embora a luz do dia tivesse desaparecido, sentei-me ao meu tear e recomecei a tecer.
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JESUS, O FILHO DO HOMEM
KHALIL GIBRAN
TRADUÇÃO MANSOUR CHALLITA

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Personagens Biblicos IX - Ana



Ana era a amada esposa de Elcana, um zufita (descendente de Coate e filho de Levi). Viviam em Ramatain-Zofim, na região montanhosa de Efraim. Elcana tinha outra esposa, chamada Penina, que lhe dera vários filhos. Ana porém era estéril e por isto Penina a provocava e aborrecia continuamente, levando-a até as lágrimas.

Elcana e toda sua família subiam anualmente a Silo, a fim de adorar a Deus e oferecer sacrifícios. Numa destas ocasiões em Silo, Ana entrou no Tabernáculo e com a alma profundamente angustiada, derramou seu coração diante de Deus e em meio a muitas lágrimas, orou, pedindo ao Senhor que lhe desse um filho. Prometeu dedicá-lo a Deus todos os dias da existência dele.

Não era uma dedicação simples. Este voto interpretava a renuncia dela de criar o filho junto consigo em casa. Ele se tornaria um nazireu, totalmente devotado ao serviço do Senhor. Era uma promessa incrível feita por Ana. Ela ofereceria o filho a Deus, pois abria mão do privilégio de criá-lo e alimentá-lo.

No tempo determinado, Deus atendeu seu pedido: Ana concebeu e deu a luz a Samuel (seu nome significa “pedido ao Senhor”; 1 Sm 1.19.20). Realmente ele representava a resposta da oração.

Finalmente chegou o tempo de Ana cumprir sua promessa. Depois que Samuel desmamou (antigamente as mulheres israelitas amamentavam os filhos até a idade de dois ou três anos), ela fez os preparativos para levá-lo ao Tabernáculo em Silo e então apresentou-o ao sumo sacerdote Eli (1 Sm 1.24-27).

Ana era uma mulher extraordinária em sua integridade, fé e compromisso com Deus. Manteve seu voto a um grande custo pessoal e tornou-se modelo para todas as gerações. O Senhor foi gracioso com Ana e posteriormente ela deu a Elcana mais três filhos e duas filhas.

A oração de Ana (1 Sm 2.1-11) é verdadeiramente um sacrifício de gratidão a Deus , que a resgatou de seus problemas, mudou suas lágrimas em alegrias e a colocou como mãe de muitos filhos , feliz e realizada.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Adolfo Bezerra de Menezes

1-Reunião Cósmica
"Há mais de um século, brilhante assembléia de Espíritos se reuniu no Espaço, sob a direção do Anjo Ismael. Foi então exposta a missão futura do Brasil na divulgação do Evangelho, que seria iluminado por uma Revelação.
Em dado instante, o Mensageiro do Senhor se aproxima de um de seus discípulos e fala-lhe mais ou menos assim:
- Descerás às lutas terrestres, com o objetivo de concentrar as nossas energias no País do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração.
- E Ismael, ao finalizar, acrescentou:
- Se a luta vai ser grande, considera que não será menor a compreensão do Senhor, que é o caminho, a verdade e a vida. - E o discípulo escolhido, imóvel e reverente diante de Ismael, não pôde articular palavra alguma: a emoção dominava-o inteiramente.

Mas as lágrimas que rolaram copiosamente de seus olhos diziam, com grande eloqüência, que tudo faria para bem cumprir a missão que lhe fora confiada".

"Tempos depois, a 29 de agosto de 1831, esse missionário nascia no Riacho de Sangue, na então Província do Ceará, recebendo o nome de Adolfo Bezerra de Menezes".

2-Pensamento
"Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta.
O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro; o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem o que pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro, esse não é um médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura.
Esse é um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida."

3-Adolfo Bezerrra de Menezes

Nasceu em Riacho do Sangue (hoje Jaguaterama), no Ceará, em 29 de agosto de 1831.
Filho de Antônio Bezerra de Menezes e de D. Fabiana de Jesus Maria, compunha com mais três irmãos, mais velhos, o quadro familiar.

Desencarnou na aurora do século XX, no dia 11 de abril de 1900, após um período de 3 meses de enfermidade que o manteve paralisado sobre o leito, em meio a tocantes manifestações de respeito, amizade, carinho pelo muito que fez em favor do próximo.

Desde muito pequeno revelou-se um espírito amadurecido, determinado, capaz de assumir atitudes e comportamentos que resultassem em benefício do próximo: aos seis anos quando algumas crianças ainda se preparam para as lides escolares, ele já sabia ler; entrando para a escola pública com sete anos, garante o aprendizado em apenas dez meses; aos treze anos é capaz de substituir o professor de Latim nos seus impedimentos, lecionando aos colegas de classe; é já o espírito de servir, de querer o bem do próximo, que ganha expressão quando se define pela Medicina, através da qual poderá ele servir mais direta e intensamente.

Seu curso na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, para onde mudou, transcorreu sob os auspícios da dificuldade e da pobreza, da luta pelo dia-a-dia. Ingressou em novembro de 1852 como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou-se em 1858, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Viu-se em pouco rodeado de numerosa clientela, senhor de uma clínica invejável. Mas os colegas da época, com certeza, não lhe invejavam o sucesso. É que essa imensa clientela não rendia coisa alguma... Ninguém pagava; tudo era gente pobre, absolutamente pobre. E Bezerra de Menezes nunca falou em dinheiro a pessoa alguma. A figura do Apóstolo já começava a se esboçar, delineando os seus contornos interiores.

No ano em que Bezerra de Menezes conquistou o seu diploma, o governo imperial decretou a reforma do Corpo de Saúde do Exército e nomeou para chefiá-lo o velho mestre, Dr. Manoel Feliciano Pereira Carvalho, como cirurgião-mor.

É fácil imaginar-se a satisfação com que este convidou o discípulo para seu assistente... E foi assim que Bezerra de Menezes passou a ser cirurgião-tenente do Exército. As glórias do cirurgião não foram bastante para abafar os desígnios do altruísta. A espécie da clientela era sempre a mesma: pobre, paupérrima, miserável... Pela primeira vez, Bezerra de Menezes viu seu nome alongado, com o complemento de "médico dos pobres".
Bezerra de Menezes resolveu casar-se. E casou por amor, com D. Maria Cândida de Lacerda, no dia 06 de novembro de 1858. Desejosa de ver a ascensão gloriosa do marido, tratou de o convencer a ingressar nas lides políticas e Bezerra de Menezes acedeu, como sempre.

A esposa desvelada, após uma enfermidade rápida e imprevisível, abandonava o mundo em menos de vinte dias, quando começavam a cair as primeiras folhas do outono de 1863. Bezerra viu-se em plena viuvez, dentro de seu lar triste e desconfortado e com dois filhos: um de três e ou outro de um ano de idade.
A grande crise porém foi vencida. Passado o tempo de exaltação da dor, Bezerra, como que temperado nesse candinho sinistro das grandes provações, retornou, intemerato e forte, para as lutas da política.
Antes de Allan Kardec ter codificado o Espiritismo, já existia no Rio de Janeiro o grupo espírita mais antigo, que foi o de Melo Morais, homeopata e notável historiador. Isto se teria dado antes de Kardec, por volta de 1853. Freqüentavam esse grupo o Marquês de Olinda, O visconde de Uberaba, o general Pinto e outros vultos notáveis na época.

O Primeiro Centro Espírita, que teve caráter jurídico, de nome Grupo Confúcius, que proclama o lema: "Fora da Caridade não pode haver Salvação", infelizmente, não teve longa duração. Ao cabo de três anos ele se dissolvia. Além da assistência homeopática inteiramente gratuita, serviu o grupo para revelar ao Brasil o nome de um dos reveladores do Espiritismo, bem como, o que foi mais importante, traduzir para o português as obras básicas de Allan Kardec.
Do Grupo Confúcius fazia parte o conhecido espírita Dr. Travassos, que se apressou em levar um exemplar do "Livro dos Espíritos" ao conhecido deputado Bezerra de Menezes, quando em uma tarde "o médico dos pobres" se encaminhava para tomar o bonde de retorno ao lar.
Bezerra de Menezes morava na Tijuca e logo que se instalou no banco, sem distração, abriu o volume e correu os olhos em algumas páginas. À medida que avançava pelo texto afora, uma perplexidade intensa o invadia. Mencionou essas palavras: "Lia; mas não encontrava nada que fosse novo para meu espírito. Entretanto tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "Livro dos Espíritos".

Por essa época Bezerra, que fora reeleito para o cargo de vereador em 1864, casara-se, em segundas núpcias, com D. Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã materna de sua primeira mulher e de quem teve sete filhos.
Foi, destarte, que nasceu, em 1876, a primeira sociedade cardecista no Rio de Janeiro, subordinada à denominação de "Sociedade de Estudos Espíritas, Deus, Cristo e Caridade". Um dos seus fundadores e primeiro chefe de grupo foi Bittencourt Sampaio. Sampaio era médium receitista, isto é, receitava homeopatia sob inspiração.

O Espiritismo sempre se mostrou como uma espécie de tabu impenetrável para a massa que teima em não lhe conhecer a teoria e os postulados. Desde porém que qualquer pessoa (culta ou rude, não importa) se encontre, por circunstâncias mesmo independentes de sua vontade, frente a frente com os problemas espíritas, logo a doutrina se lhe revela, clara e insofismável, com o seu acervo de conforto moral e caráter altamente caritativo.

Tudo parecia um tabu cercado pelo anátema ou pela excomunhão dos padres... Não admira, portanto, a dificuldade, mais ou menos séria, que se antepunha à aquisição de elementos novos aos núcleos da época. Estávamos, porém, em 1876 e a doutrina fazia sectários com alguma dificuldade.
Quando Dr. Carlos Travassos empreendeu a tradução de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, ofereceu um exemplar, com dedicatória, a Bezerra de Menezes. No dia 16 de agosto de 1886, um auditório com cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade, que enchia o salão de honra da Velha Guarda, ouviu, em silêncio, emocionado, atônito, a palavra de ouro do eminente político, do eminente médico, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, que proclamava aos quatro ventos a sua adesão ao Espiritismo. Ele era autêntico religioso, no mais alto sentido. Sua pena, foi, por isso, desde o primeiro artigo assinado, em janeiro de 1887, posta ao serviço do aspecto religioso do Espiritismo.

Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico, quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão da Propaganda da União Espírita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever, aos domingos, no "O Paiz", tradicional órgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocaiúva, uma série de artigos sob o título "O Espiritismo - Estudos Filosóficos". Os artigos de "Max", pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil. Esses artigos foram publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893.

Bezerra de Menezes tinha o encargo de médico como verdadeiro sacerdócio; por isso, dizia: "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro; o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem o que pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro, esse não é um médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaievéns da vida."

Poderíamos citar casos inúmeros de adesões entre pessoas ilustres da época, dentre elas, valha-nos, contudo, anotar a do advogado Antônio Luiz Sayão, acatado causídico de então. Desesperado pela enfermidade tenaz que corroía o organismo combalido de sua esposa, Sayão, vendo-a moribunda e desenganada por vários médicos, resolveu aceitar os conselhos de um amigo que, insistentemente, tentava induzi-lo a recorrer ao Espiritismo. Fez o que toda a gente faz em tais ocasiões. Pediu uma receita aos espíritos e... esperou o "milagre". O milagre se verificou; a homeopatia indicada entrou a operar proficientemente e, após longa e porfiada luta, a paciente sentiu-se revigorada e completamente curada. Conquistou assim o Espiritismo um dos seus valores mais notáveis, pois Sayão se tornou um verdadeiro difundidor da doutrina, à qual ele emprestava o brilho da sua cultura.

Outro caso, nas mesmas condições do precedente, foi o de Augusto Elias da Silva, cujo ardor, na propaganda do Espiritismo, foi de tal ordem que o levou até a fundar o "Reformador", órgão eminentemente espírita. O momento era de plena agitação doutrinária e o ambiente pesado de adversidade. Na imprensa diária do País, conservadores avessos à aceitação dos novos postulados lançavam contra os mesmo extensas catilinárias, crivadas de apodos soezes.
Do alto dos púlpitos, chovia sobre a massa dos fiéis prosternados a torpeza dos insultos e a viscosidade das insinuações, derramadas nos sermões dos sacerdotes. Elias da Silva, na ânsia de revidar tais ataques, foi bater à porta de Bezerra de Menezes. O "médico dos pobres", cuja alma já se encontrava impregnada pela sabedoria calma do mestre, sem entusiasmos facciosos, aconselhou-o com prudência, mas, também, sem vacilações. E a sua palavra plena de sabedoria, escudada na rigidez de princípios que a caracterizava, lançou a diretriz que o "Reformador" deveria seguir, na campanha apenas iniciada. Política discreta, sem o nivelamento dos processos de ataque, mas firme em suas afirmativas. Não combater o ódio com as armas do ódio; combater, de preferência, o ódio com o amor...

Isso se passava em 1883. Um ano após, diante da perspectiva de anarquia que já se passava nos arraiais do Espiritismo, sentiram aqueles que dirigiam os núcleos no Rio a necessidade de uma união mais forte e que, por isso mesmo, se tornasse mais indestrutível. Os Centros onde se ministravam a doutrina trabalhavam autonomamente. Urgia, com efeito, um sistema de disciplina e de ordem entre os Centros do Espiritismo. Não uma disciplina férrea, draconiana, semelhante à Igreja, pois no Espiritismo as dogmas foram coisas que sempre repugnou ao livre-arbítrio dos espíritas. Restava, portanto, um único recurso: o de congregar os elementos dispersos, em torno de um centro único, realizando, destarte, o sediço, mas consagrado ideal da União que faz a força... De tais resoluções surgiu a fundação de uma nova entidade: a "Federação Espírita Brasileira". Seu papel seria o de federar todos os grupos em uma espécie de sindicalização espiritual, para que todos pudessem fazer ouvir os seus anseios, através de um único porta - voz.

Nesse espaço de tempo, Bezerra perde dois de seus filhos, fato este que não o abateu de seus princípios filosóficos aceitando a Presidência da Federação Espírita Brasileira. Lançou os fundamentos de uma nova entidade, onde se congregassem todas as associações. Fundado um novo Centro, instalada a sua sede, tiveram início os trabalhos preparativos. Infelizmente ele não pôde realizar o programa que havia presidido à fundação. As correntes de opinião que dividiam a família espírita mais e mais se acentuavam. As ambições de mando, bem como os desejos de ocupar postos de relevo, convulsionavam os crentes, fazendo-os divergir pelas menores coisas.

A eterna luta entre espíritas e cardecistas, místicos e dos científicos, ocasionou retardamentos consideráveis na marcha da doutrina. O que Bezerra sonhava era com a união integral da família espírita. Não o compreenderam, infelizmente, e as dissensões prosseguiam. Na primeira comunicação, Bezerra chegou a declarar: " Permita Deus que os espíritas a quem falo, que os homens a quem foi dada a graça de conhecerem em espírito e verdade a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, tenham a boa vontade de me compreender, a boa vontade de ver nas minhas palavras unicamente o interesse do amor que lhes consagro". Nada mais conciliatório. No entanto, tais palavras soaram como bombas. Bezerra não se deixou abater na ação leonina que empreendera, tendo suas atividades incrivelmente desdobrada. Tanto Romualdo, Daneil Mont’Alverne, como Santo Agostinho, seu verdadeiro orientador, apareciam-lhe constantemente.
Bezerra de Menezes, além dessas atividades, freqüentava assiduamente os notáveis "trabalhos de desobsessão" do Grupo Luz e Caridade.
Em 1889, o regime do Brasil sofreu a transformação radical de 15 de novembro. O exército se reuniu no Campo de Santana e o generalíssimo Deodoro, erguendo a espada, proclamou a República.
Bezerra de Menezes trabalhava. Seu espírito exauria-se na campanha santa que o absorvia por inteiro. Em dezembro, finalmente, começou a sentir cansaço. Seu organismo exigia repouso. Mesmo assim não atendeu aos imperativos do organismo. Não lhe concedeu tréguas. No intuito de se dedicar mais ao centro - pois neste setor é que maior necessidade havia de trabalho e de abnegação - demitiu-se da presidência da Federação. Animava-o uma secreta intenção: fundar uma escola de médiuns. E foi para dar realização a esse pensamentos, que Bezerra fundou uma escola de médiuns. Nem todos os companheiros acharam, porém, que a idéia fosse proveitosa. Muitos mesmo chegaram a combatê-la. Um deles foi Elias da Silva.
Esse entendia que o desenvolvimento das faculdades mediúnicas de criaturas que para isso não estivessem devidamente preparadas, poderia redundar em casos de obsessão. Mas o parecer de Bezerra era justamente contrário ao de Elias. E firme como sempre instalou a escola de médiuns, no Centro. Aí, porém, sua desilusão foi completa. Clamou num deserto. Aos seus apelos reiterados, ninguém respondia. Só, absolutamente só, seu desconforto o fez sofrer mais pelo abandono dos seus amigos. Nem os próprios membros da diretoria compareciam às Sessões. Bezerra clamou aos quatro cantos. Convocou inutilmente os correligionários. Tudo surdo. Tudo impenetrável.

E havia qualquer coisa de sublime na atitude estóica daquele velho de longas barbas brancas, isolado e mudo, a lutar bravamente, em obediência aos imperativos do rumo que a si mesmo traçara.

No Centro, no seu Centro, sua figura de ancião curvava-se sobre a mesa dos médiuns e aí se deixava ficar, em completa abstração. Doía-lhe o fracasso, o desmoronamento inevitável, embora lento, daquela casa a que ele se dedicara o melhor de seus esforços. Mas mesmo no abandono, sua vontade não se quebrantava. Alguém o advertiu, um dia, que talvez ele não tivesse compreendido bem as famosas "instruções" de Allan Kardec. Bezerra de Menezes deu de ombros.
Seus recursos não lhe bastavam. E a necessidade ditou-lhe um gesto supremo. Pretendeu expor aos seus companheiros de diretoria a penúria em que se encontrava a associação. Para isso escreveu a cada um deles. Pediu-lhes o comparecimento inadiável. Mas ninguém apareceu... O lutador não se deu por vencido.
Na semana seguinte tornou a convocar os seus companheiros. E, como da primeira vez, Bezerra se encontrou sozinho na sede do Centro. Positivamente estava fracassado. Foi então à casa de um por um. Exortou-os a uma última reunião a fim de se tomarem as resoluções finais da entidade.

As respostas eram sempre as mesmas: - Meu caro Bezerra, você compreende, tenho andado atrapalhadíssimo. Não me leve a mal. Olhe, de minha parte, dou-lhe plenos poderes, para você deliberar, seja o que for... E Bezerra baixava a cabeça, agradecendo o "interesse" dos companheiros. Foi então que decidiu bater às portas da "Fraternidade". Ele não queria que o Centro expirasse, solicitou então uma sala, um cantinho qualquer, por menor que fosse, bastaria para lhe assegurar a sede. Nem que dessem apenas uma mesa, Ele trabalharia sozinho. Seus amigos da "Fraternidade" dispensaram-lhe o acolhimento devido, pois, a Bezerra de Menezes, todos queriam bem e lá ficou instalado o Centro.

Logo na semana seguinte aparecia nas colunas do "O Paíz" o aviso seguinte:
"Centro Espírita, com sede na velha sociedade Fraternidade, tendo por bandeira Deus, Cristo e Caridade, auxiliará o desenvolvimento intelectual, criando um estabelecimento de humanidade, onde o ensino seja gratuito à mocidade, mantendo o "Reformador" e dando à luz uma Revista de estudos práticos da doutrina, sob o ponto de vista científico, fazendo conferências públicas, ao alcance de todas as classes. Auxiliará o desenvolvimento moral, pedindo o concurso de todos para obras de beneficência, organizando regularmente, de conformidade com as leis da doutrina, os grupos existentes e os novos que forem precisos para acudir-se aos espíritos sofredores, adquirir-se o conhecimento em espírito e verdade do Evangelho e fazerem-se experimentações científicas sobre princípios e fatos espíritas. Podem, pois, todos os espíritas do Brasil, que quiserem dar força a esta organização recomendada pelo Mestre, dirigir-se ao Centro Espírita "Fraternidade", provisoriamente à Rua São José, 44, 2o andar".

Não foi, porém, lá muito feliz a estadia do Centro na "Fraternidade". Novas dissensões entraram a agitar o meio. Novas lutas, novos desentendimentos. A eterna porfia, a sempre renovada incompreensão entre místicos e científicos, Kardec e de Roustaing.
Bezerra de Menezes não combatia ninguém. Combateu sim, durante toda a sua vida, em prol da estreita união dos espíritas, indistintamente.
O ano de 1890 não findou satisfatoriamente para os meios espíritas no Brasil. Em outubro, o governo republicano sancionou o Novo Código Penal. O pavor dominava os lares. As buscas eram constantes, nas próprias casas de família. O arbítrio imperava, sob o gelado silêncio dos habitantes. Nos morros, nos arrabaldes distantes, no próprio centro da cidade, a polícia devassa tudo, prendendo sem delongas todo aquele que lhe parecesse suspeito. As denúncias anônimas choviam e os agrupamentos de qualquer natureza viam-se logo dispersados. Nos meios espíritas não foi menor o pânico. Perseguidos e proibidos de se reunirem, os poucos centros existentes viram-se na dura contingência de cerrarem as suas portas, a fim de que não incorressem nas iras policiais. Foi este um dos períodos de mais dura provação para os espíritas no Brasil. O próprio "Reformador" viu-se obrigado a suspender sua publicação. A Igreja Católica, embora separada do Estado, concorria assim mesmo para exercer maior pressão contra seu inimigo mais acirrado. E do alto dos púlpitos choviam as catilinárias contra os espíritas. Os centros fecharam as portas; os mais fervorosos se reuniam às ocultas, na atmosfera gélida do pânico.

Em 1893 a situação mais se agravou. Não só a do País como, também, a situação pessoal do incansável lutador. Pobre, paupérrimo mesmo, e em pleno isolamento, não desanimou.
Foi em uma noite fria de julho de 1895, que o grupo constituído pelos membros da diretoria bateu à porta da casa do "médico dos pobres". Convidaram Bezerra a assumir a presidência da Federação Espírita. Não, não podia aceitar. Seu estado de saúde já não lhe proporcionava a energia necessária para arcar com tamanha trabalheira. Sentia-se cansado, exausto de lutar contra a vida e contra os homens. Não se sentia com forças para tentar acomodar toda aquela gente cujos ânimos cada vez mais se acirravam em franca adversidade. Mesmo assim, declarou que estava ali para receber as sugestões do mundo espiritual, cujas decisões ele prometia seguir, obedientemente. Disse e esperou. Alguns momentos após, o próprio espírito de Agostinho, incorporado no médium Frederico Júnior, veio dirigir-lhe palavras de conforto, aconselhando-o a lutar mais ainda. Concitou-o a desenvolver seus esforços no sentido de ampliar a campanha sob a bandeira de Deus, Cristo e Caridade. Como batalhador de primeira linha - pois que era um espírito de escol - devia aceitar a presidência da Federação. Dali, maiores seriam ainda os benefícios que ele iria prestar aos sofredores. Finalizando, Agostinho prometeu auxiliá-lo.

Consoante a promessa que fizera, Bezerra de Menezes viu-se obrigado a obedecer. E resignado, anunciou naquela mesma noite que aceitava o cargo de presidente da Federação Espírita Brasileira.

Na cavalgada do tempo, 1900 raiou como a esperança falaz que a humanidade costuma depositar, supersticiosamente, nos marcos artificiais de cada era. Logo nos primeiros dias de janeiro, Bezerra de Menezes foi acometido por violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito pobre de onde ele jamais iria poder levantar-se. Principiou daí o longo período de agonia que durou três meses, cruciantemente, indescritivelmente...A casa triste, caiada de branca, casa típica dos arrabaldes cariocas daquela época, onde se encontrava o gigante baqueado, era bem o recanto humilde e sereno onde se deveria desprender um espírito de tal sublimidade. Dentro, em um quarto desguarnecido e simples, Bezerra agonizava. Deitado a um canto, sobre um leito de ferro, sua figura impressionava deveras. A congestão violenta e tenaz arrancara-lhe a fala e os movimentos.

Os olhos de Bezerra de Menezes! Toda a gente que o conhecera falava continuamente em seu olhar. Verdes, da cor dos "verdes mares bravios da sua terra natal", dir-se-ia que dentro daqueles dois olhos se encerrava a imagem translúcida das águas do seu Ceará, em contorções de espumas e arrepiadas pelo sulco das jangadas. Dentro da penumbra das pálpebras encerrava-se o mistério úmido da alma boníssima do amigo dos pobres.

Os membros endureceram na paralisia irremediável; os olhos continuaram a mover-se. A língua travou-se-lhe na boca retorcida e grossa; mas os olhos brilhavam ainda. Ao lado do leito, apenas uma cadeira de palhinha e uma pequena mesa atulhada de medicamentos, receitas, copos, vidros etc. Na cadeira havia continuamente uma criatura qualquer. Era o lugar das visitas.

O visitante entrava nas pontas do pés, sentava-se na cadeira e ali se quedava mudo durante alguns momentos. Bezerra voltava para ele seus olhos claros e úmidos, onde se escondia o mistério do nada e cuja luz brilhava esquisitamente como que a traduzir a gratidão do enfermo. Raros eram os que resistiam a esse olhar; e, antes que rebentassem os soluços, a visita se levantava e deixava o quarto, aquele quarto onde se extinguia alguém que, ao partir, iria deixar tanta gente órfã da Bondade.

Durante o dia e durante a noite, nunca ele esteve só. E a gratidão daquela gente traçou, nesses últimos dias de vida do "Médico dos Pobres", uma página delicada, emotiva e sublime. Os visitantes, vendo a dificuldade da família, enfiavam, delicadamente, suas espórtulas por baixo do travesseiro do enfermo.

No dia 11 de abril de 1900, dia esplendente de sol e de radiosidade, naquela mesma casa da Rua 24 de Maio, Bezerra de Menezes vivia os seus últimos momentos.
Bezerra de Menezes faleceu às onze e meia, sem um estertor, sem uma contração. No dia seguinte, seu corpo foi sepultado no cemitério de São Francisco Xavier, às 2:00 horas da tarde; e, no dia 13, o "O Paíz", jornal que fôra para ele uma verdadeira tribuna doutrinária, descrevendo-lhe o traspasse, iniciava assim o longo noticiário:
"Revestiram-se de uma solenidade augusta as derradeiras homenagens ontem prestadas a este eminente brasileiro. Desde que se divulgou a notícia do seu falecimento, até uma parte do dia de ontem, uma incessante romaria se estabeleceu em demanda da sua habitação. Eram os pobres, os humildes e necessitados, no anonimato da sua condição, que lhe iam render o tributo da saudade e do reconhecimento, conquistados a golpes de bondade, e cujos soluços e lamentações se confundiam com os da pobre família desolada".

Foi criada uma comissão dos amigos de Bezerra de Menezes, para promoverem espetáculos, concertos etc., em favor da família de Bezerra de Menezes. Para chefe dessa comissão foi designado o nome do senador Quintino Bocaiúva.
Outros amigos tentaram lhe dar paz à alma, mediante o santo sacrifício da missa, em um templo católico. A cerimônia anunciada para o dia 29, na Igreja do Socorro, em São Cristóvão, não foi levada a efeito. Obstáculos de ordem doutrinária se antepuseram, à última hora, ao intento piedoso dos amigos católicos... "O Paíz" do dia 30, noticiando o fato, terminou assim a sua apreciação:

"Quanto à missa, com o libera-me, no momento em que não tardaria a começar o sacrifício, para o que já se achava previamente armado o catafalco, na Igreja do Socorro, com a orquestra a postos, e presente um considerável número de fiéis, amigos do Dr. Bezerra de Menezes, foi recebida uma ordem do reverendíssimo Vigário Geral da Arquidiocese, proibindo os sufrágios, sob a alegação de se tratar do chefe dos espíritas do Brasil".
Frustrada a intenção dos que queriam salvar-lhe a alma, deixaram todos o pequeno templo e se dirigiram em romaria ao cemitério, onde diante do túmulo do "Médico dos Pobres", falaram vários oradores, inclusive o Dr. João Pereira Lopes.

Na noite de 12 de abril de 1900 (após 24 horas de seu falecimento), houve a habitual sessão na Federação Espírita Brasileira. Então todos os que dela participavam ouviram, pela maravilhosa mediunidade sonambúlica de Frederico Pereira da Silva Junior, a palavra querida do espírito do nosso Bezerra de Menezes. Sua mensagem foi longa, e nela mais uma vez, humildemente, agradeceu a Deus, a Jesus e à Virgem Santíssima as bênçãos divinas que misericordiosamente recebia na pátria espiritual, pois se considerava ainda muito pecador e, portanto, indigno desse sagrado amor de Jesus!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

São Sebastião - Padroeiro do Rio deJaneiro

São Sebastião nasceu em Narvonne, França, no final do século III, e desde muito cedo seus pais se mudaram para Milão, onde ele cresceu e foi educado. Seguindo o exemplo materno, desde criança São Sebastião sempre se mostrou forte e piedoso na fé.

Atingindo a idade adulta, alistou-se como militar, nas legiões do Imperador Diocleciano, que até então ignorava o fato de Sebastião ser um cristão de coração. A figura imponente, a prudência e a bravura do jovem militar, tanto agradaram ao Imperador, que este o nomeou comandante de sua guarda pessoal.

Nessa destacada posição, Sebastião se tornou o grande benfeitor dos cristãos encarcerados em Roma naquele tempo. Visitava com freqüência as pobres vítimas do ódio pagão, e, com palavras de dádiva, consolava e animava os candidatos ao martírio aqui na terra, que receberiam a coroa de glória no céu.

Enquanto o imperador empreendia a expulsão de todos os cristãos do seu exército, Sebastião foi denunciado por um soldado. Diocleciano sentiu-se traído, e ficou perplexo ao ouvir do próprio Sebastião que era cristão. Tentou, em vão, fazer com que ele renunciasse ao cristianismo, mas Sebastião com firmeza se defendeu, apresentando os motivos que o animava a seguir a fé cristã, e a socorrer os aflitos e perseguidos.

O Imperador, enraivecido ante os sólidos argumentos daquele cristão autêntico e decidido, deu ordem aos seus soldados para que o matassem a flechadas. Tal ordem foi imediatamente cumprida: num descampado, os soldados despiram-no, o amarraram a um tronco de árvore e atiraram nele uma chuva de flechas. Depois o abandonaram para que sangrasse até a morte.

À noite, Irene, mulher do mártir Castulo, foi com algumas amigas ao lugar da execução, para tirar o corpo de Sebastião e dar-lhe sepultura. Com assombro, comprovaram que o mesmo ainda estava vivo. Desamarraram-no, e Irene o escondeu em sua casa, cuidando de suas feridas.

Passado um tempo, já restabelecido, São Sebastião quis continuar seu processo de evangelização e, em vez de se esconder, com valentia apresentou-se de novo ao imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos, acusados de inimigos do Estado.
Diocleciano ignorou os pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos, e ordenou que ele fosse espancado até a morte, com pauladas e golpes de bolas de chumbo. E, para impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos, jogaram-no no esgoto público de Roma.

Uma piedosa mulher, Santa Luciana, sepultou-o nas catacumbas. Assim aconteceu no ano de 287. Mais tarde, no ano de 680, suas relíquias foram solenemente transportados para uma basílica construída pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje.

Naquela ocasião, uma terrível peste assolava Roma, vitimando muitas pessoas. Entretanto, tal epidemia simplesmente desapareceu a partir do momento da transladação dos restos mortais desse mártir, que passou a ser venerado como o padroeiro contra a peste, fome e guerra.

As cidades de Milão, em 1575 e Lisboa, em 1599, acometidas por pestes epidêmicas, se viram livres desses males, após atos públicos suplicando a intercessão deste grande santo. São Sebastião é também muito venerado em todo o Brasil, onde muitas cidades o tem como padroeiro, entre elas, o Rio de Janeiro .