Prece de Cáritas

domingo, 31 de maio de 2009

Personagens Bíblicos V - Satanás


O nome: O vocábulo “Satan” deriva do hebraico e significa “agir como um adversário”. O verbo pode significar também “acusar”. Às vezes este termo é usado precedido de artigo e nesses casos indica “o Satanás”, ou seja, o adversário de Deus e seu povo.

Outros nomes: Serpente; Dragão; Diabo; Abadom; Apolion; Destruidor; Tentador; Maligno; Belial; Belzebu; Homicida desde o Princípio; Mentiroso e Pai da Mentira.

Sua pessoa: A Bíblia descreve Satanás como um ser angelical que se rebelou contra Deus, o Criador. Surpreendentemente, pouca informação é dada sobre sua posição no céu e não há nenhuma explicação para sua disposição e desejos malignos.

Seus Propósitos: Conquistar o controle para si, a fim de frustrar a vontade do Todo-Poderoso. Ele é tortuoso e enganador. Pensa, argumenta e formula estratégias cujo objetivo e a destruição do povo de Deus. Parte de sua sutileza é fazer imitações da verdade. Busca persuadir os que acreditam nele que tem poder e autoridade iguais aos de Jesus. Diferentemente de Jesus, o “Leão de Judá”, Satanás apenas ruge como leão, “buscando quem possa tragar”. Diferentemente de Jesus, que é “a luz do mundo”, Satanás pode apenas fingir, transformando-se “em anjo de luz”, a fim de enganar o povo de Deus.

Seu Poder: Apesar da Cruz, à primeira vista, demonstrar grande poder de Satanás, pelo contrário, foi o local onde a limitação de seu poder foi vista claramente. Através de toda a Bíblia seu poder sempre é demonstrado como sujeito a vontade permissiva de Deus. No incidente com Jô, o Senhor estabeleceu limites bem específicos para o que era permitido a Satanás fazer. Essa limitação de seu poder foi indicada pela primeira vez no julgamento do Senhor sobre ele, depois do pecado de Adão e Eva, no jardim do Éden. Ali Satanás foi condenado a uma existência desesperada na qual falharia repetidamente em seus ataques contra o povo de Deus. A maldição do Senhor o advertiu de que, ao “ferir o calcanhar” do descendente da mulher, este iria “esmagar a cabeça da serpente”. Entretanto, o poder limitado de Satanás é extremamente perigoso para o povo de Deus. Satanás foi capaz, pelo menos temporariamente de impedir o trabalho de Paulo e o apóstolo advertiu Timóteo sobre as pessoas nas igrejas que se desviaram para seguir a “Serpente”.

A Defesa do Cristão: Em muitas ocasiões o Novo Testamento alerta os cristãos a se defender contra Satanás. O fato de que durante a tentação no deserto, Jesus respondeu ao diabo três vezes com as palavras “está escrito...”, mostra o caminho diante de nós. Cristo usou as Escrituras (a Palavra de Deus), como principal defesa contra o diabo. Devemos dar ouvidos à palavra de Deus, a Bíblia, tanto aos mandamentos como às promessas. Devemos viver pela fé no Todo-Poderoso, cuja palavra tem o poder de salvar. Devemos vi8ver em obediência à Palavra, para termos a proteção do Senhor. A palavra de Deus não é somente uma arma defensiva contra Satanás – é também ofensiva, pois é a “espada do Espírito”. A fé em Deus e em sua Palavra torna-se um escudo com o qual todas as flechas inflamadas do maligno podem ser apagadas.

A Destruição de Satanás: A Bíblia não somente mostra as limitações do poder de Satanás, mas também revela qual será o fim dele. O Senhor Deus prometeu um juízo pleno e definitivo para o diabo e todos os seus seguidores. Seu fim foi sugerido em Gênesis 3.15 e Ezequiel 28.19, mas tornou-se explícito no Novo Testamento com o advento de Jesus Cristo, em sua morte e ressurreição. O livro de Apocalipse dirigido a uma igreja perseguida, que sofria sob o tormento de Satanás e seus seguidores, dá uma atenção especial à sua derrota final e o seu lançamento “no lago de fogo”. Apocalipse deixa absolutamente claro que sua influência, poder e controle serão destruídos completamente, de maneira que no novo céu e na nova terra não estarão mais presentes.
Até mesmo a morte, que Satanás tem usado para criar medo e rebelião no mundo, não existirá mais.
“Deus enxugará de seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, pois já as primeiras coisas são passadas”. (Ap 21.4; Ap 20.7-14; 2 Ts 2.3-12; Ap 12.9.12; etc.).

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Deus na Visão Espiríta

ENTREVISTA CONCEDIDA POR GERSON SIMÕES
MONTEIRO A MARCOS LEITE, ASSESSOR DE
IMPRENSA DA RÁDIO RIO DE JANEIRO

Tema: Deus na Visão Espírita

MARCOS LEITE (ML) – Eu gostaria, inicialmente, que você falasse
para os ouvintes da Rádio Rio de Janeiro sobre Deus na Visão Espírita.

GERSON (G) – Falar da figura de Deus constitui sempre uma tarefa
muito difícil, embora agradável, tendo em vista a distância que, em todos
os aspectos, separa os homens, criaturas finitas e imperfeitas, da
incomensurável grandeza e perfeição do Criador. Por isso, escreveu com
acerto o professor Milton O'Reiily de Souza: “Deus, a idéia mais alta do
pensamento humano, é simples, como motivo de crença e adoração e se
torna complexo como motivo de conhecimento e explicação”. Assim, Deus
melhor se sente do que se entende. É como disse Léon Denis: "Há coisas
que de tão profundas só se sentem, não se descrevem".

ML – A idéia de Deus, ao que vejo, varia muito, de acordo com a
evolução espiritual de cada criatura. É isso?

G – Sim, essa circunstância foi exposta com muita beleza e
profundidade pelo professor Rubens Romanelli, da seguinte forma:
"Viviam num edifício de sete andares, moradores cujos olhos jamais
tinham contemplado a luz do sol, a não ser através das vidraças
diversamente coloridas de cada pavimento. Encerrados nos limites de seu
pequeno mundo, cada qual fazia uma idéia diferente quanto à cor da luz
solar. Os moradores do primeiro pavimento diziam que era vermelha,
porque vermelhos eram os vidros através dos quais se habituaram a vêla.
Os do segundo pavimento diziam, por sua vez, que era alaranjada,
porque alaranjados eram os vidros pelos quais ela diariamente se filtrava.
Os do terceiro diziam, pela mesma razão, que era amarela. Os do quarto
diziam que era verde. Os do quinto, azul. Os do sexto, anil e os do sétimo
diziam que a luz solar era violeta.
Certo dia, porém, um morador mais inteligente e indagador resolveu
sair do edifício, e surpreendido com a luz do sol, que lá no alto se
decompunha na policromia do arco-íris, compreendeu logo que cada
morador havia apreendido somente uma parcela da verdade. Tudo se
passava exatamente como se cada um deles, em seu próprio pavimento,
tivesse a visão limitada a uma faixa apenas, dentre as sete faixas
luminosas do espectro solar. A luz do sol era realmente da cor sob que
cada qual a tinha visto, mas era também muito mais do que isso: era a
síntese das sete cores. Assim como cada morador via o sol, assim também
cada criatura humana vê Deus. Situado em diferentes faixas de evolução,
cada um o verá sob um aspecto diferente, segundo a coloração do seu
entendimento. Chegará, no entanto, um dia em que a criatura
transcenderá os augustos limites do seu mundo e compreenderá Deus em
sua essência, na síntese de seus atributos".

ML – Quer dizer, então, que os homens sempre se abstiveram de
estudar a figura de Deus por não poderem entendê-lo?

G – Sim. Isso não impediu, absolutamente, que os grandes
pensadores de todos os tempos, os maiores filósofos e estudiosos nos
campos da cosmologia e da metafísica, tivessem dedicado sua inteligência
e seu tempo à pesquisa e ao entendimento da figura do Criador de todas
as coisas e seres do Universo, este tomado no sentido amplo. Criaram até
uma ciência para isso: a TEODICÉIA.
Dois assuntos principais foram objeto do exame desses estudiosos:
a) a existência de Deus, e b) a essência de Deus.
DEUS EXISTE? O grande filósofo da França, Descartes, baseia-se no
chamado argumento ontológico, para afirmar que sim: eu tenho idéia de
um ser, de um ente perfeito; este ente perfeito tem que existir, porque se
não existisse faltar-lhe-ia a perfeição da existência e então não seria
perfeito. É o argumento pela evidência.
Outro vulto notável do pensamento francês foi Voltaire. Seu
raciocínio é prático, ao afirmar: "O Universo me espanta e não posso
imaginar que este relógio exista e não tenha relojoeiro". Assim, diante da
realidade do Universo, é forçoso reconhecer que ele foi feito por alguém.
Se esse alguém não foi o homem, só pode ter sido Deus, mas este nos
concede sempre o benefício da dúvida, não é mesmo?
Deve-se, porém, ao famoso S. Tomaz de Aquino, autor da não
menos famosa Summa Theológica, a prova da existência de Deus mais
c onvincente, baseada nos a rgumentos metafísicos.

ML – Antes de citá-los, Gerson, você poderia dizer por que são
chamados metafísicos?

G Metafísica quer dizer: estudo das ciências não físicas, e faz
parte da Filosofia, cujo objeto é o estudo das causas primeiras ou
primárias, das causas supremas. Dessas causas uma é a maior, Deus.
Argumentos metafísicos são assim sutis, transcendentes.

ML – Você nos dizia que Tomaz de Aquino, uma das maiores
inteligências que o Mundo já conheceu, provou a existência de Deus pelos
argumentos metafísicos. Quais são eles?

G – Tomaz de Aquino nos diz que a existência de Deus pode ser
provada por cinco vias, que são a do movimento, da causalidade, dos
seres contingentes, dos graus de perfeição dos seres e da ordem do
mundo. Esses argumentos assim se sintetizam: 1 – Se no mundo existe
movimento ou mudança, que caracteriza o vir-a-ser, deve existir um
motor primeiro que não seja movido por nenhum outro, pois se tudo fosse
movido, teríamos o efeito sem causa; 2 – Há uma causa absolutamente
primeira, transcendente às causas em geral; assim, se existem as causas
segundas, deve existir a causa primeira, porque as causas segundas são
efeitos.

ML – Lembramos aqui que os Espíritos definiram Deus como a
Causa primária de todas as coisas.

G – Exatamente. Causa primária ou primeira. Mas vamos aos outros
argumentos: 3 - Existem seres contingentes, que não possuem em si
mesmos a razão de sua existência, que são mas poderiam não ser; se
existem seres contingentes, deve existir um ser necessário; 4 - Nas
coisas existem vários graus de perfeição, referentes à beleza, à bondade,
à inteligência, à verdade; então deve haver um ser infinitamente perfeito,
porque o relativo exige o absoluto; 5 - Prova pela ordem do mundo, pela
organização complexa do Universo, pelo governo das coisas, tudo devido a
uma inteligência ordenadora, superior, absoluta, necessária.

ML – Estamos vendo que somente com sofismas e manifesta
incredulidade se poderá negar a existência de Deus. Do outro lado,
estamos vendo que o Espiritismo se estrutura em conceitos filosóficos dos
mais elevados. Com relação a Deus, que prova nos oferece o Espiritismo
quanto à sua existência?

G – Você viu, Marcos, que as provas citadas não repugnam à
inteligência mais lúcida e mais lógica e o Espiritismo nada lhes tem a opor.
Quanto à existência de Deus, se não houvesse motivos outros para
admiti-la, este seria bastante, conforme está na Questão 4 de “O Livro dos
Espíritos”: “Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?”
Resposta: "Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem
causa. Procurai a Causa de tudo que não é obra do homem e a vossa
razão responderá". E Kardec acrescenta: "O universo existe, logo tem
uma causa". Por isso, repetimos: Deus é a causa primária de todas as
coisas.

ML – Parece que Meimei tem uma página que bem ilustra esse
assunto...

G – É verdade. Há uma página simples, mas interessante, de
Meimei, na obra "Idéias e Ilustrações", psicografada por Chico Xavier,
capítulo 47, que vem a calhar. Ela conta que um velho árabe analfabeto
orava com tanto fervor e com tanto carinho cada noite, que, certa vez, o
rico chefe da grande caravana chamou-o à sua presença e lhe perguntou:
- Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando
se nem ao menos sabes ler?
O crente fiel respondeu:
- Grande senhor, conheço a existência de nosso Pai Celeste pelos
sinais DELE.
- Como assim? Indagou o chefe, admirado.
O servo humilde explicou-se:
- Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como
reconhece quem a escreveu?
- Pela letra.
- Quando o senhor recebe uma jóia, como é que se informa quanto
ao autor dela?
- Pela marca do ourives.
O empregado sorriu e acrescentou:
- Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe,
depois, se foi um carneiro, um cavalo ou um boi?
- Pelos rastros, respondeu o chefe, surpreendido.
Então, o velho crente convidou-o para fora da barraca e, mostrandolhe
o céu onde a Lua brilhava, cercada por multidões de estrelas,
exclamou, respeitoso:
- Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!
Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos,
ajoelhou-se na areia e começou a orar também.
Não há dúvida, caros ouvintes, de que só o orgulho tolo do homem
pode negar a existência de Deus. Isso, entretanto, constitui atitude
passageira, pois todos um dia o encontrarão, de vez que cada um de nós
tem D'ELE a intuição de sua existência, como está na Questão 5 de “O
Livro dos Espíritos”.

ML – Não havendo para o crente nenhuma dúvida quanto à
existência de Deus, podemos defini-lo? Podemos conhecer sua natureza?

G – Comecemos por esclarecer que definir é limitar, o que é
impossível com a figura de Deus: Infinito, Absoluto, Eterno.
Por isso já dissemos que Deus se sente, não se define, não se pode
conhecer em sua estrutura íntima. Isso não impede, entretanto, que
especulemos, no bom sentido, pois o homem é um ser eminentemente
metafísico.
Já o Livro dos Espíritos nos informa que Deus é a "inteligência
suprema, a causa primária de todas as coisas", o que nos leva a examinar
o que seja inteligência, o que seja causa. Sabemos que o espírito constitui
o princípio inteligente do Universo, mas que sua natureza íntima ainda nos
é desconhecida (Questão 23 de “O Livro dos Espíritos”).
A inteligência, atributo essencial do espírito, é, segundo Claparede, a
capacidade de resolver problemas novos por meio do pensamento, é a
capacidade de adaptação a situações novas. Outro autor nos diz que é a
faculdade pela qual a alma conhece as coisas de maneira imaterial, o que
vem a dar no mesmo. Isso quer dizer que, diante da dificuldade, o homem
pensa, reflexiona e procura resolvê-la, superá-la da melhor maneira para
ele próprio.
Entretanto, a inteligência no homem é limitada, só em Deus é
suprema, nenhuma outra se lhe pode igualar. A prova dessa inteligência
superior está na obra de Deus, o Universo infinito (Questão 9 de “O Livro
dos Espíritos”).
A noção de causa também é importante para conceituar o Criador,
na medida em que isso é possível. Causa é um conceito filosófico
importante e se define com tudo quanto concorre para que uma coisa
exista. Como a existência de todas as coisas e seres se deve a Deus, dizse
que Ele é a causa primária, principal, eficiente, de que dependem todas
as outras causas.

ML – Pelo que estamos vendo, têm razão aqueles que afirmam ser o
espiritismo uma doutrina profunda, embora seja também muito clara e
convincente. Assim, satisfaz tanto ao homem simples como ao
intelectualizado. Não é mesmo?

G – Estamos de pleno acordo com você. Mas continuemos.
Da natureza de Deus sabemos apenas que é espiritual. Para melhor
entendê-lo, porém, costumamos adjetivá-lo, pois o adjetivo, limitando-o,
torna-o mais acessível à nossa compreensão limitada. Por isso citamos os
chamados atributos de Deus, como está na Questão 13 de “O Livro dos
Espíritos”: "Deus é eterno, não teve princípio, nem terá fim, por isso é
chamado o INCRIADO; é infinito, isto é, nada o limita; é imutável, pois
não está sujeito a mudanças de qualquer espécie; é imaterial, portanto é
puro Espírito; é único, pois se houvesse mais de um, teríamos deuses, não
Deus; é onipotente, porquanto nada lhe é impossível; único e soberano,
nada se lhe opõe; é soberanamente justo e bom, pois a todos concede
suas graças, sem parcialidade e com amor.
Poderíamos acrescentar a esses os chamados atributos entitativos
ou metafísicos, assim enunciados pelos filósofos: simplicidade, infinitude,
unicidade, imensidade, eternidade. Como disse o filósofo Garcia Morente,
não podemos saber o que é Deus, sua essência ou natureza, apenas quem
é Deus, ou seja, atestar sua existência. Nós, espíritas, reconhecemos
nossa inferioridade moral e procuramos sentir DEUS, como Criador e
Senhor dos nossos destinos, o Pai amantíssimo que nos destina um futuro
glorioso, que estamos longe de poder prover, apenas imaginamos.

ML – Como disse Emmanuel no livro "Fonte Viva":
"Não perguntes se Deus é um foco gerador de mundos ou se é uma
força irradiando vidas. Não possuímos ainda a inteligência suscetível de
refletir-lhe a grandeza, mas trazemos o coração capaz de sentir-lhe o
amor. Procuremos, assim, Nosso Pai acima de tudo e Deus, Nosso Pai, nos
escutará”.
Sabemos que Deus é distinto de sua Criação, como está esclarecido
na Q. 77 de “O Livro dos Espíritos”. Por esse motivo o Espiritismo repele o
panteísmo. Por outro lado, imanência e transcendência são noções
inseparáveis, segundo o exige a própria razão. Gerson, você pode nos
explicar melhor esse aspecto da apreciação que estamos fazendo, com o
devido respeito à figura divina?

G – Para começar, dizemos que o Espiritismo é dualista, de vez que
admite a separação, em essência, substancial de Deus, o Criador, de sua
criação. Imanência de Deus significa sua presença espiritual em tudo,
como causa final e universal, de vez que Ele é o Criador de todas as coisas
e seres. Por isso disse o apóstolo Paulo: "em Deus temos a Vida, o
movimento, o Ser". Entretanto, a imanência de Deus não impede sua
absoluta independência em relação ao Universo, que Ele criou, e é isso
que denominamos de transcendência.
Assim, imanência e transcendência se completam na natureza
divina, pois sem a primeira, Deus se faria estranho ao Universo e não
seria, por isso, infinito nem perfeito. Sem a transcendência, Deus seria
idêntico ao Universo e também imperfeito, como o próprio Universo em
evolução.
Assim, em resumo: Deus, por suas leis, eternas como Ele, está
presente na Criação, por efeito de sua imanência, sem se confundir com o
Universo criado por Ele (Questão 77 de “O Livro dos Espíritos”), isto
porque as leis de Deus permitem a ligação de todas as coisas ao Seu
poder e à Sua perfeição; entretanto, por Sua transcendência, Deus
continua distante do Universo, independente de tudo quanto cria.

ML – Como você já fez em relação ao entendimento da figura divina
e de sua existência, poderia ilustrar com uma historieta a questão da
presença de Deus em todas as coisas? Assim, o assunto ficará bem mais
interessante, não é mesmo?

G – Sem dúvida, Marcos. Há o episódio de um sábio hindu que,
inspirado, dizia ao discípulo:
- Meu filho, em tudo podemos notar a existência, a presença de
Deus, sustentando-nos a felicidade e a segurança. Na beleza da flor, no
verde da mata, no azul do céu, na majestade do oceano, no animal que
passa, no brilho das estrelas, no sorriso da criança... Em toda a Criação,
há sinais da Sublime Presença, convidando-nos à confiança e oferecendonos
conforto e alegria.
Impressionado com tais raciocínios, o discípulo deixou a casa do
mestre, e, retornando ao lar, divagava:
“Sim, Deus está presente em tudo: nesta flor que desabrocha
deslumbrante, naquela cascata que canta a sublimidade da Criação, no Sol
que ilumina o Mundo...”.
Despertando do seu deslumbramento íntimo, avistou um elefante
furioso que corria pela estrada em sua direção. Montado no animal, um
homem advertia, desesperado, aos gritos:
- Sai da frente! Sai da frente!
“Ah!” - suspirou, tranqüilo, o crente. “Deus está em tudo. Nada há a
temer, porquanto a Majestade Divina está presente também naquele
elefante furioso que se aproxima. O nobre animal também faz parte da
Criação...”.
Mal teve tempo de formular semelhante raciocínio, foi violentamente
colhido pelo paquiderme, que o atropelou como um trem expresso,
jogando-o à distância.
Com contusões generalizadas, sentindo mil dores, foi socorrido por
seu mestre, que ouvira o barulho. Medicado, ainda gemendo de dor, o
discípulo comentou queixoso:
- Mestre, o senhor disse que Deus está em todas as manifestações
da Natureza, até nos animais. Veja como fiquei por confiar em que o
Senhor Supremo estava naquele elefante furioso!...
O sábio sorriu e respondeu:
- Meu filho, realmente Deus está presente em tudo. Até mesmo
naquele elefante furioso. Entretanto, você se esqueceu de que o Todo
Poderoso estava presente também naquele homem que gritava a plenos
pulmões: "Sai da frente! Sai da frente!...".

ML - Uma historia bem sugestiva essa, que você nos transmitiu.
Deus, de fato, está presente em tudo. Gostaríamos que você, agora, nos
dissesse alguma coisa a respeito de outro problema intimamente ligado a
Deus, ou seja, a compreensão que devemos ter da existência do Bem e do
Mal. Eu pergunto: existe o mal? Deus é o seu autor? Se não é, porque
permite a existência do mal?

G – Nós, espíritas, sabemos que Deus é puro amor e jamais nos
criaria para o sofrimento. Deus, portanto, não é o autor do mal, fruto
apenas de nossa imperfeição. Começamos por dar alguns conceitos
emitidos por estudiosos desse assunto, que tanto tem preocupado
filósofos e religiosos em todos os tempos:
“O Bem é essência do Criador, o mal, essência da criatura” – S.
Paulo.
“O Mal é a medida da inferioridade dos mundos e dos seres” –
Gustave Geley.
“O que é o Mal? É Deus que adormece na consciência humana” –
Victor Hugo.
“Fundamentalmente considerada, a dor é uma lei de equilíbrio e
educação” – Leon Denis.
“O Mal é a ausência do Bem” – Allan Kardec.
Ainda é de Léon Denis esta definição, que consideramos muito boa:
"O Mal é o Menos evoluído para o Mais, o Inferior para o Superior, a Alma
para Deus".
Emmanuel afirma, em “O Consolador”, pergunta 135, que
"o mal
essencialmente considerado, não pode existir para Deus, em virtude de
representar um desvio do homem, sendo zero na sabedoria e na
previdência Divina".

ML – São conceitos muito interessantes esses que você citou, do
mal. Entretanto, gostaríamos de conhecer alguma explicação que fosse
aceitável a respeito da existência do mal e sua utilidade.

G – Vejamos a opinião, por exemplo, do prof. Carlos Toledo Rizzini,
em seu ótimo livro "Evolução para o Terceiro Milênio": "Para progredir foi
permitido ao Espírito humano violar a Lei, promover a desordem ao redor
de seus próprios passos, de modo a conhecer as conseqüências do erro e
afastar-se dele. Deus dispôs, portanto, que durante certo tempo lhe fosse
possível abusar e errar para aprender, pagando o preço do sofrimento. É a
dor o fator que traz o homem de volta ao regaço divino, depois que se
desviou do rumo traçado pela Lei".
D. Ludegero Jaspers, em seu Manual de Filosofia, afirma que "Deus
recusaria ao homem a liberdade, nobre prerrogativa, se não lhe desse
possibilidade de agir e, portanto, de errar. Por isso Ele dá mérito ao
homem que resiste ao mal".
Outro professor de Filosofia, R. Jolivet, em seu livro “Cursos de
Filosofia”, assim se exprime: "O mal resulta da criatura finita, que peca
criando-o, embora ele não seja absolutamente necessário: o homem tem
livre-arbítrio, que Deus respeita, garantindo sua liberdade. Ele peca
voluntariamente. Essa liberdade, mesmo falível, é um bem: o poder
determinar-se, ser o fruto de seus erros e acertos. A criatura assume,
sozinha, a responsabilidade do mal. Assim, o mal serve ao bem, é útil.
Seria absurdo se existisse sem nenhuma utilidade. É meio de reparação,
fonte de mérito: o homem corrige-se e segue o bem. Que é o bem? É o
que nos faz realizar a perfeição de nossa natureza. Esse fim último está na
conquista da felicidade".
Como vemos, esses conceitos se enquadram nos da filosofia espírita,
segundo a qual o Espírito, criado simples e ignorante, é dotado de
liberdade ou livre-arbítrio, que lhe permite escolher, optar entre o que é
certo, segundo a Lei de Deus, e o que a contraria, ou seja, o mal. Pelo
resgate das culpas, através do arrependimento, da expiação e da
reparação, o Espírito se redime e alcança a felicidade.

ML - Sabemos que o mal pode ser físico, moral e metafísico.
Gerson, o que você pode nos dizer do mal físico? Como conceituá-lo na
problemática espírita?

G – O mal físico consiste na dor fisiológica e tem função de
regeneração e reparação. André Luiz nos esclarece, em sua obra "Ação e
Reação", Capítulo XIX, que há três formas de dor, dor essa a respeito da
qual afirmou Vítor Hugo: "Dor! Chave dos Céus!":
 DOR-EVOLUÇÃO – mola do progresso, atuando de fora para dentro,
aprimorando o ser, por isso atinge os próprios animais irracionais;
 DOR-EXPIAÇÃO – que vem de dentro para fora, marcando a criatura
no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos da
aflição, por regenerá-la perante a Justiça. Regenera o Espírito,
provocando-lhe o arrependimento, sujeitando-a a expiação e o
levando à reparação das faltas;
 DOR-AUXÍLIO – que evita o mal maior, a queda no crime ou
concorre, freqüentemente, "para o serviço preparatório da
desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas
arrasadoras, na transição da morte". Sobre esta modalidade de dor,
temos uma sugestiva página de Humberto de Campos, intitulada "A
Moléstia Salvadora", componente do livro “Reportagens do Além
Túmulo”. É o caso de um espírita, casado, com filhos, que se vê
enredado por moça leviana, que o induz a abandonar o lar, para
viver com ela. Embora assistido por um Espírito amigo, o confrade
está prestes a fazer a vontade da moça, sentindo-se fraquejar. É
então que outro espírito, mais sábio e experiente, aconselha o
protetor do moço a provocar nele uma doença séria, que o joga
numa cama de hospital. A moça, quando o vê prostrado, mal
dissimula o desapontamento e some para sempre...

ML – Na verdade, de quantos tombos nos livra a Espiritualidade,
com seus recursos maravilhosos, não é mesmo? E o Mal Moral, existe?

G – Tanto o mal físico como o moral são obras do procedimento dos
homens, começam e terminam entre eles. Deus não cria o mal.
Com referência ao MAL MORAL, diremos que consiste na violação do
dever, dos princípios éticos, das leis divinas, estando ligado ao nosso
direito de liberdade e vontade, expressa através do livre-arbítrio, levando
um grande filósofo, Leibniz, a afirmar que "o mal moral, no homem, é
consequência de um grande bem - o livre-arbítrio; é condição para o
mérito". Ele argumenta que “o mal metafísico é o limite puro e simples,
que resulta da ausência de perfeição não exigida pela Natureza: a planta
não vê, o homem não voa. O mal metafísico é apenas um limite e Deus só
poderia evitá-lo deixando de criar. A criatura é limitada necessariamente e
mais vale existir assim a não existir”.
Luciano dos Anjos, no seu livro “DEUS É O ABSURDO”, afirma: "O
mal metafísico não existe; não tem realidade, nem objetivo e nem
abstração; ele não pode ser dentro da criação perfeitíssima de Deus. É
preciso demonstrar pelo raciocínio a sua necessidade de NÃO SER".

ML – Na verdade, ficamos confusos com o problema, procurando
solução para ele em nossa inteligência finita. É claro que há uma
explicação aceitável, mas não atinamos com ela, não é mesmo?

G – É claro que sim, pois não podemos duvidar da perfeição do
Criador. O assunto, entretanto, estará no rol daqueles que não nos é dado
conhecer ainda, como está nas Questões 10 e 17 de “O Livro dos
Espíritos”.
Isso não impede, porém, que nosso pensamento procure o porquê
das coisas, na ânsia de aumentar, sempre e sempre, o nosso
conhecimento. O filósofo Battista Mondim, em seu livro "Introdução à
Filosofia", afirma: "O termo criação quer evidenciar a inexistência total do
Mundo antes de sua produção por parte do Ser subsistente. Por meio do
ato criador, o Ser subsistente comunica seu ser ao Mundo. Trata-se,
porém, é óbvio, de uma comunicação limitada. O Ser subsistente não cria
um outro ser subsistente, mas um ser contingente. Por esse motivo o
Mundo não iguala a perfeição de Deus e muito menos se identifica com
sua realidade. O mundo simplesmente participa da perfeição do Ser
subsistente, ou seja, possui, de modo particular, limitado, imperfeito,
aquela perfeição que no ser subsistente se realiza do modo total, ilimitado
e perfeito. Há, entretanto, uma tensão permanente no Mundo para voltar
à sua fonte primitiva, ao Ser subsistente. Isso explica o profundo
dinamismo que o permeia, a transformação constante e a evolução
maravilhosa que o anima: o Mundo está a caminho, na direção de Deus".

ML – Muitos assuntos de grande interesse para a melhor
compreensão da figura de Deus, Nosso Pai e Criador, foram comentados
nesta entrevista. Agora perguntamos a você: de que recursos dispõe,
então, o homem e, em particular, o espírita, para progredir moral e
intelectualmente, até que se possa defrontar com o Criador, tornando-se,
como Jesus, "um com o Pai", como está no Evangelho de João?

G – Marcos, dispomos, todos nós, graças ao Espiritismo, do
conhecimento explicitado da Lei de Deus, desdobrada em 10 partes.
"Para abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial",
como diz a Questão 648 do Livro dos Espíritos. A observância dessas leis é
o caminho certo, seguro e único para essa finalidade.
Podemos dizer que Deus é a Lei e que essa Lei está escrita não em
livros perecíveis, mas em nossas consciências; entretanto, por acréscimo
de misericórdia, ela é revelada aos homens periodicamente. A última vez
que isso se deu foi com o advento do Espiritismo, que o ínclito Missionário
Allan Kardec codificou para todos nós.
Lembramos que a primeira dessas leis – a de Adoração – resume
exatamente o mandamento maior de Jesus, que nos mandou amar a Deus
sobre todas as coisas, de todo nosso espírito. Essa lei nos mostra como
ter acesso, embora indireto, ao Pai Celestial, através da prece, do culto
interno, quando, ajoelhados, lhe entregamos nossos corações, sem
vaidades, sem orgulho, sem egoísmos, sem mágoas e nem
ressentimentos.

ML – Vamos terminando esta entrevista, mas antes pediríamos ao
nosso Gerson que nos oferecesse, como fecho de ouro, uma produção
poética sobre Deus.

G - Você veio ao encontro de nosso desejo e aqui está uma bela
poesia de Maria Dolores, intitulada Deus é Caridade, obra prima da nossa
irmã, que ela oferece como lembrança aos companheiros da Doutrina
Espírita e está publicada em Antologia da Espiritualidade, edição FEB:
DEUS É CARIDADE
Não guardes e nem fales, coração,
Palavras de azedume ou desesperação.
O verbo que escarnece, esfogueia, envenena,
Traz em si mesmo a dolorosa pena
De amarga frustração!
Muitas vezes, nós mesmos, trilha afora
No pensamento que se desarvora,
Nas teias da ilusão sem motivo ou sem base,
Para sair do mal e regressar ao bem
Precisamos apenas de uma frase
Do carinho de alguém!
Na dor que nos renova,
Quantas vezes na vida a gente espera
Simplesmente um sorriso,
Para fazer o esforço que é preciso,
A fim de não perder nas lágrimas da prova
A paz da fé sincera!...
Pensa nisso e abençoa
Aquela própria mão que te espanca ou aguilhoa
Fel, tristeza, amargura,
Transformam desventura em maior desventura!
Se a mágoa te domina,
Observa a lição da Bondade Divina!
Se o homem tala o campo nos horrores da guerra,
Deus recama de verde as úlceras da Terra.
Cerre-se a noite fria,
Deus recompõe sem falta os fulgores do dia.
Atire-se um calhau à frente na espessura,
Deus protege a corrente
E a fonte lava a pedra a beijos de água pura
E prossegue indulgente.
Doce, clara, bendita,
Fertilizando o campo em que transita.
Isola-se a semente pequenina
Na clausura do chão
E eis que Deus a ilumina
E ela faz a alegria e a fartura do pão!
Que a poda fira a planta a golpes destruidores
E Deus reveste o tronco em auréolas de flores!...
Conquanto seja em tudo a Justiça Perfeita
Que nos premia, ampara, aprimora e indireita
Pelo poder do amor incontroverso,
Deus quer que a Lei do amor seja cumprida
Para a glória da vida,
Nas mais remotas plagas do Universo!
Serve, pois, coração,
À tolerância, à paz, à bondade e à União;
Embora desprezado, anônimo, sozinho,
Agradece em silêncio, a injúria, o pranto, o espinho
E serve alegremente...
Dor é nova ascensão à Vida Superior!...
Rende-te a Deus e segue para a frente,
Pois Deus é Caridade e a Caridade ardente
Tudo cobre de amor!...

sábado, 23 de maio de 2009

Confrontividade (L. Ron Hubbard)

Primeiro vou esclarecer o termo confrontividade: *É a capacidade de confrontar. E confrontar é: *Uma ação de ser capaz de enfrentar *Enfrentar sem titubear ou evitar.
Vamos lá então:...
"A confrontividade é consciência. Uma pessoa pode estar consciente - Esta é a resposta à pergunta crucial - uma pessoa só pode estar consciente daquilo que está disposta a confrontar de alguma forma.
É necessário alguma vontade de confrontar para o fenômeno conhecido como consciência....Se uma pessoa está disposta - mesmo em algum pequeno grau - a confrontar algo, ela pode ficar consciente disso; mas se ela não pode confrontá-lo e não quer confrontá-lo e tem uma idéia de que não deve confrontá-lo, algum tempo depois isso desaparece completamente da sua vista e ela já não é capaz de estar consciente disso.
E nisso estão contidos o QI, a capacidade, o talento e todos os outros fatores similares.,,,E esse é o segredo por trás da menina que se senta ao piano e começa a tocar facilmente e de imediato, e do menino que se senta e passados cinco anos não consegue tocar. Qual é a diferença?
O menino não estava disposto a confrontar a música, e a menina estava perfeitamente disposta a fazê-lo. Essa é a diferença. Essa é a única diferença que há; não há mais nenhuma diferença. Lamento que isto se reduza a uma simplicidade desta natureza. Compreendo que isto vos rouba um jogo. Compreendo que isto, definitivamente, estraga por completo muitos pretextos. É muito interessante ver até que ponto os pretextos são úteis na vida. Eles formam parte da vida - são muito práticos.
Por ex., de vez em quando deparámo-nos com os nossos pais a dizerem: Não tenho dinheiro para comprar isto e não tenho dinheiropara comprar aquilo, e não posso te dar isto e não posso te dar aquilo. Quando éramos crianças, o velhote dizia: Bom, simplesmente não tenho dinheiro pra isso. Você está me custando uma fortuna, e aí vai. Anda sempre atrás de mim pedindo dinheiro, algo do gênero.
É claro que a resposta óbvia que me ocorreu para isso, mas que veio alguns anos tarde demais foi: O que é que se passa contigo que não vai lá para fora e faz mais dinheiro?A coisa mais óbvia para dizer a um pai: O que é que se passa contigo que só está ganhando essa pequena quantidade de dinheiro? É uma declaração completamente esmagadora, não acham? Sim, o que é que se passa com ele? É necessário mais dinheiro na família, porque é que ele não está fazendo mais dinheiro? Simples, direto - e é tudo!
Isso realmente deixaria estes fulanos muito supreendidos. Bom, talvez não estejam fazendo dinheiro, porque não estão dispostos a confrontá-lo. Não estão muito conscientes disso. Talvez façam tanto dinheiro como aquele que estão conscientes ou de que possam estar conscientes ou do qual estão dispostos a estar conscientes.
Eles concebem que há algo terrível em terem que estar conscientes de um milhão de dólares. Exite algo de muito repreensível acerca de estarem conscientes de tanto dinheiro. Falando especificamente do dinheiro, este foi usado de diversas formas durante toda a existência, Ron nos diz que: ... "o dinheiro é algo que pode inverter a lealdade, o dinheiro é algo que corrói o espírito"...E assim vai.
O dinheiro pode ter sido usado de tantas maneiras equivocadas, que nos afastamos do bom uso e acabamos ficando insconcientes dele, de sua utilização e etc.
Ex: a pessoa que recebe uma quantia para colocar veneno na comida de alguém; aquele que recebe para matar...Aquela moedinha que roubamos da bolsa da mãe ou da carteira do pai...e assim vai.
Assim acontece também com as atividades de nossas vidas. Perdemos a consciência das coisas pelas quais não estamos dispostos a confrontar (fazer face). Porquê? Talvez eu tenha cometido atos anti-sobrevivência nessa direção.
"Dianética- L. Ron Hubbard (Trexo extraido: Anti-Radiação e Confronto)

sábado, 16 de maio de 2009

Pensadores V - Pitágoras









Quando Pitágoras decidiu buscar no Egito o conhecimento pelo qual clamava seu espírito, reinava em Samos o tirano Policrátes que tinha como amigo no Egito o Faraó Amásis.

Pitágoras procurou por Policrátes e este se apressou a dar-lhe uma carta de recomendações ao Faraó para que Pitágoras fosse iniciado pelos sacerdotes.

Os sábios egípcios fizeram de tudo para amedrontar Pitágoras, pois desconfiavam dos gregos que tachavam de levianos e inconstantes.

Pitágoras, entretanto submeteu-se e suportou a lentidão e às provas porque o fizeram passar, com uma paciência e uma coragem inquebrantáveis durante 22 anos, sob a direção do pontífice Sonquis. Não fugia a nada por pior que fosse, que o pudesse conduzir ao conhecimento, e o temor da morte não o esfriava porque cria na vida Além-Morte.

Logo que os sacerdotes lhe reconheceram essa força extraordinária da alma e essa paixão impessoal da ciência que é a coisa mais rara do mundo, apressaram-se a abrir-lhe os tesouros da sua experiência. Foi entre eles que se formou e retemperou. Foi entre eles e dos princípios universais, de que fez o centro de seu sistema; e que formulou por uma forma nova.

Pitágoras havia atingido as cumeadas do sacerdócio, e, ambicionava, porventura, regressar a Grécia quando a guerra, promovida pelo persa Cambises, se precipitou sobre a bacia do Nilo com todas as suas calamidades, envolvendo o iniciado de Osíris em um novo turbilhão.

Pitágoras viu, pois, o Egito invadido pelo déspota Cambises, digno herdeiro dos celerados coroados de Nínive e de Babilônia. Viu Cambises por a saque os templos de Mênfis e de Tebas e destruir o de Amon.
Viu o faraó Psametico conduzido a ferros à presença do déspota e a filha do faraó vestida em andrajos e também o príncipe real e dois mil moços com freios na boca e cabrestos no pescoço, antes de serem decapitados; enquanto o infame Cambises assentado sobre seu trono, se regozijava com a dor de seu adversário aniquilado.

Cambises fez transportar Pitágoras a Babilônia, com uma parte do sacerdócio egípcio, e internou-o ali. Após 12 anos de internato, um seu compatriota, Democedes, médico do rei dos persas intercedeu a seu favor e obteve a liberdade para Pitágoras.

Retornou, pois, a Samos após 34 anos de ausência. A sua pátria estava então esmagada sob o domínio persa. Haviam-se fechado as escolas e os templos; os poetas e os sábios tinham fugido como uma nuvem de andorinhas perseguidas pelo cesarismo persa.
Pitágoras logrou pelo menos no regresso a consolação de receber o último suspiro de seu primeiro mestre, Hermódamas, e de encontrar viva sua mãe Pártenis, a única que não duvidara nunca de seu regresso, pois cria nas predições do Oráculo de Apolo.

Oprimida e perdida a sua terra de Samos, ele e sua mãe fugiam com todos os seus haveres. Corriam para a Grécia.
Não eram as coroas olímpicas, nem os lauréis do poeta, que seduziam o filho de Pártenis. A sua obra era mais misteriosa e maior: despertar a alma adormecida dos deuses nos santuários, dar a sua força e o seu prestígio ao templo de Apolo; e depois fundar uma escola de ciência e de vida, donde sairiam não políticos e sofistas, mas sim homens e mulheres iniciados, verdadeiras mães e puros heróis!

Pitágoras fundou sua escola em Crotona e adquiriu tanta força e poder que os pitagóricos tornaram-se objeto de rancor originado pela inveja dos que não conseguiam ali ser admitidos.
Havia um homem chamado Cilo que outrora tinha sido candidato à Escola. Pitágoras, muito severo na admissão dos discípulos, expulsara-o por causa do seu feitio violento e imperioso.
Ora, esse pretendente preterido tornara-se um adversário rancoroso e organizou um clube oposto aos pitagóricos e conseguiu atrair para si os principais condutores do povo e preparou nas suas assembléias uma revolução que deveria começar com a expulsão dos pitagóricos. Distorceu o que julgava ser a formação pitagóriga e organizou bandos com a finalidade de destruir o mestre e seus discípulos.

Uma tarde, em que os 40 membros principais da ordem Pitagóriga, incluindo o Mestre, estavam reunidos na habitação de Milo, Cilo e seus bandos cercaram a casa e lançaram-lhe fogo.

Trinta e oito pitagórigos, os primeiros discípulos do mestre, a flor da ordem, e o próprio Pitágoras sucumbiram, uns nas chamas do incêndio, outros às mãos do bando de Cilo.

Pitágoras foi um adepto, um iniciado de primeira ordem. Possuía a visão direta do espírito, a chave das ciências ocultas e do mundo espiritual. Ele bebia, pois, na fonte originária da Verdade.

Platão, que pediu a Pitágoras toda a sua metafísica, teve dela uma idéia completa, ainda que a revelasse por uma maneira menos vigorosa e menos nítida. Desses ensinamentos a Escola de Alexandrina ocupou os andares superiores; a ciência moderna tomou o rés do chão e consolidou-lhe os fundamentos; e um grande número de escolas filosóficas, de seitas místicas ou religiosas, lhe têm tomado como base. Nenhuma filosofia, porém, abrangeu ainda o seu todo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Nossa Senhora de Fátima e os Três Pastorinhos











Em 1917, Nossa Senhora apareceu em Fátima - Portugal para três pastorinhos - Lúcia, Francisco e Jacinta. A Virgem fez revelações que mais tarde ficaram conhecidas como o "Segredo de Fátima".

A 1ª e 2ª parte do Segredo foram escritas por Lúcia no ano de 1941 e conhecidas logo a seguir.
A 3ª parte do Segredo foi escrita em 1944 numa correspondência privada para ser aberta somente pelo Papa.No dia 26 de Junho de 2000, a 3ª parte do Segredo foi finalmente publicada na íntegra pelo Vaticano.

1ª e 2ª parte do Segredo de Fátima, na íntegra.

Transcrição na íntegra das palavras de Lúcia de Jesus que contêm a revelação da primeira e segunda partes do segredo de Fátima: "(...) o segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar.
A primeira foi pois a vista do inferno! Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra.

Mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras , ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saiam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor.

Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e acrosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu; que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição) se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor.

Em seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza: Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração.

Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo dos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre.

Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz".

3ª parte do Segredo de Fátima, na íntegra.

O conteúdo da terceira parte do Segredo de Fátima, revelado em 13 de Julho de 1917, em Fátima, em que a Ir. Lúcia dos Santos, a única das três videntes ainda viva, redigiu em 03 de Janeiro de 1944, é o seguinte:

"Escrevo, diz Ir. Lúcia, em ato de obediência a Vós meu Deus, que me mandais por meio de Sua Excelência Reverendíssima o Sr. Bispo de Leuria, e da Vossa e minha Santíssima Mãe. Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda.

Ao cintilar despedia chamas que pareciam incendiar o mundo. Mas, apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte dizia: - Penitência, penitência, penitência.

E vimos numa luz imensa, que é Deus, algo semelhante a como se vêem as pessoas no espelho, quando lhe diante passa um bispo vestido de branco. Tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre. Vimos vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz, de tronco tosco, como se fora de sobreiro como a casca.

O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade, meia em ruínas e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena. Ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho.

Chegando ao cimo do monte, prostrado, de joelhos, aos pés da cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe disparavam vários tiros e setas e assim mesmo foram morrendo uns após os outros, os bispos, os sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares.

Cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da cruz, estavam dois anjos. Cada um com um regador de cristal nas mãos recolhendo neles o sangue dos mártires e com eles irrigando as almas que se aproximavam de Deus.

Este portanto, o conteúdo escrito por Ir. Lúcia, no ano de 1944, do Terceiro Segredo de Fátima].

sábado, 9 de maio de 2009

Oração da Mãe










Deus de Infinita Bondade!
Pusestes astros no céu e colocastes flores na haste agressiva...

A mim destes os filhos e, com os filhos, me destes o amor diferente, que me rasga as entranhas, como se eu fosse roseira espinhosa, que mandásseis carregar uma estrela...

Aceitastes minha fragilidade a Vosso serviço, determinando que eu sustente com a maternidade o mandato da vida; entretanto, não me deixeis transportar, sozinha, um tesouro assim tão grande!

Dai-me forças, para que Vos compreenda os desígnios; guiai-me o entendimento, para que a minha dedicação não se faça egoísmo; guardai-me Vossos braços eternos, para que o meu sentimento não se transforme em cegueira.

Ensinai-me a abraçar os filhos de outras mães, com o carinho que me insuflais no trato daqueles de que enriquecestes minha alma!

Fazei-me reconhecer que os rebentos de minha ternura são depósitos de Vossa bondade, consciências livres, que devo encaminhar para a Vossa vontade e não para os meus caprichos.
Inspirai-me humildade, para que não se tresmalhem no orgulho por minha causa.
Concedei-me a honra do trabalho constante, a fim de que não venha a precipitá-los na indolência.
Auxiliai-me a querê-los sem paixão e a servi-los sem apego.

Esclarecei-me para que ame a todos eles com devotamento igual, no entanto, Senhor, permiti-me inclinar o coração em Vosso nome, por sentinela de Vossa benção, junto daqueles que se mostrarem menos felizes!...

Que eu veja contente e grata, se me puderem oferecer mínima parcela de ventura, e que me sinta igualmente reconhecida se, para afagá-los, for impelida a seguir, nos caminhos do tempo, sobre longos calvários de aflição!...

E, no dia em que me caiba entregá-los aos compromissos que lhes reservastes, ou a restituí-los às Vossas mãos, dá que, ainda mesmo por entre lágrimas, possa eu dizer-Vos, em oração, com a obediência da excelsa mãe de Jesus: "Senhor, eis a tua serva! Cumpra-se em mim, segundo a Vossa palavra!..."

Meimei
CHICO XAVIER, Francisco Cândido. Á Luz da Oração.