Ninguém julgue fácil a aquisição de um título referente à elevação espiritual. O Mestre recorreu sabiamente aos símbolos vivos da Natureza, favorecendo-nos a compreensão.
A erva está longe da espiga, como a espiga permanece
distanciada dos grãos maduros.
Nesse
capítulo, o mais forte adversário da alma que deseja seguir o Salvador, é o
próprio mundo.
Quando
o homem comum descansa nas vulgaridades e inutilidades da existência
terrestre, ninguém lhe examina os passos.
Suas
atitudes não interessam a quem quer que seja.
Todavia,
em lhe surgindo no coração a erva tenra da fé retificadora, sua vida passa a
constituir objeto de curiosidade para a multidão.
Milhares
de olhos, que o não viram quando desviado na ignorância e na indiferença,
seguem-lhe, agora, os gestos mínimos com acentuada vigilância.
O pobre
aspirante ao título de discípulo do Senhor ainda não passa de folhagem
promissora e já lhe reclamam espigas das obras celestes; conserva se ainda
longe da primeira penugem das asas espirituais e já se lhe exigem vôos supremos
sobre as misérias humanas.
Muitos aprendizes desanimam e voltam para o lodo, onde os
companheiros não os vejam.
Esquece-se o mundo de que essas almas ansiosas ainda se
acham nas primeiras esperanças e, por isso mesmo, em disputas mais ásperas por
rebentar o casulo das paixões inferiores na aspiração de subir.
Dentro da velha ignorância, que lhe é característica, a
multidão só entende o homem na animalidade em que se compraz ou, então, se o
companheiro pretende elevar-se, lhe exige, de pronto, credenciais positivas do
céu, olvidando que ninguém pode trair o tempo ou enganar o espírito de
seqüência da Natureza.
Resta ao cristão cultivar seus propósitos sublimes e
ouvir o Mestre:
“- Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grão
cheio na espiga.”