Prece de Cáritas

sábado, 2 de novembro de 2013

Pensando o Mundo


O grande filósofo grego Aristóteles disse, inspirado por seu mestre Platão, que certas ideias tendem a reaparecer de tempos em tempos, que estamos fadados a redescobri-las, vítimas de seu irresistível poder de sedução intelectual. O escritor argentino Jorge Borges, em seu conto "O Imortal", explora justamente esse tema, o da criação do novo a partir da memória do velho. Criação passa a ser recriação; descoberta, redescoberta.



Assim, quando nos perguntamos de onde vieram as primeiras ideias filosóficas, as sementes do pensamento moderno ocidental, não temos dúvidas: Vieram da Grécia antiga, em particular do período entre os séculos VI e IV A.C O início dessa aventura intelectual é marcado pelo aparecimento dos filósofos pré-socráticos, que acreditamos terem sido os primeiros a tentar responder a questões da Natureza usando a razão, e não a mitologia ou a religião.

Este apetite pelo saber racional está na raiz de toda ciência. Às vezes ele é chamado de "encantamento iônico", celebrando os primeiros filósofos pré-socráticos, que habitaram a Iônia, uma província grega da costa oeste da Turquia atual. Segundo Aristóteles, o primeiro deles foi Tales de Mileto, que postulou que a substancia fundamental do cosmo é a água. Essa ideia marca o início da busca por uma estrutura material unificada na Natureza, algo que motiva o trabalho de cientistas em várias áreas distintas, da física de partículas elementares à biologia molecular e à genética.

Para Tales a Natureza é uma entidade dinâmica, em constante transformação, renovando-se em novas formas e criações. Essa visão confronta à escola de Parmênides, outro pré-socrático, que acreditava o oposto: O que é essencial não pode se transformar. O que  "É" simplesmente é. Aqui está a grande ideia de uma entidade eterna, transcendente, além das transformações naturais. O debate entre o eterno e o novo "ser" e o "vir a ser", já havia começado há 2500 anos.

Assim, os pitagóricos uniam de forma mística o estudo da Natureza por meio da razão e da espiritualidade. Para eles, embriagados pelo encantamento iônico, os números eram mais que números, suas funções uma espécie de alfabeto simbólico da Razão Universal. A Natureza, através dos números, estabelecia uma ponte entre o humano e o divino.

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