Prece de Cáritas

sábado, 16 de maio de 2009

Pensadores V - Pitágoras









Quando Pitágoras decidiu buscar no Egito o conhecimento pelo qual clamava seu espírito, reinava em Samos o tirano Policrátes que tinha como amigo no Egito o Faraó Amásis.

Pitágoras procurou por Policrátes e este se apressou a dar-lhe uma carta de recomendações ao Faraó para que Pitágoras fosse iniciado pelos sacerdotes.

Os sábios egípcios fizeram de tudo para amedrontar Pitágoras, pois desconfiavam dos gregos que tachavam de levianos e inconstantes.

Pitágoras, entretanto submeteu-se e suportou a lentidão e às provas porque o fizeram passar, com uma paciência e uma coragem inquebrantáveis durante 22 anos, sob a direção do pontífice Sonquis. Não fugia a nada por pior que fosse, que o pudesse conduzir ao conhecimento, e o temor da morte não o esfriava porque cria na vida Além-Morte.

Logo que os sacerdotes lhe reconheceram essa força extraordinária da alma e essa paixão impessoal da ciência que é a coisa mais rara do mundo, apressaram-se a abrir-lhe os tesouros da sua experiência. Foi entre eles que se formou e retemperou. Foi entre eles e dos princípios universais, de que fez o centro de seu sistema; e que formulou por uma forma nova.

Pitágoras havia atingido as cumeadas do sacerdócio, e, ambicionava, porventura, regressar a Grécia quando a guerra, promovida pelo persa Cambises, se precipitou sobre a bacia do Nilo com todas as suas calamidades, envolvendo o iniciado de Osíris em um novo turbilhão.

Pitágoras viu, pois, o Egito invadido pelo déspota Cambises, digno herdeiro dos celerados coroados de Nínive e de Babilônia. Viu Cambises por a saque os templos de Mênfis e de Tebas e destruir o de Amon.
Viu o faraó Psametico conduzido a ferros à presença do déspota e a filha do faraó vestida em andrajos e também o príncipe real e dois mil moços com freios na boca e cabrestos no pescoço, antes de serem decapitados; enquanto o infame Cambises assentado sobre seu trono, se regozijava com a dor de seu adversário aniquilado.

Cambises fez transportar Pitágoras a Babilônia, com uma parte do sacerdócio egípcio, e internou-o ali. Após 12 anos de internato, um seu compatriota, Democedes, médico do rei dos persas intercedeu a seu favor e obteve a liberdade para Pitágoras.

Retornou, pois, a Samos após 34 anos de ausência. A sua pátria estava então esmagada sob o domínio persa. Haviam-se fechado as escolas e os templos; os poetas e os sábios tinham fugido como uma nuvem de andorinhas perseguidas pelo cesarismo persa.
Pitágoras logrou pelo menos no regresso a consolação de receber o último suspiro de seu primeiro mestre, Hermódamas, e de encontrar viva sua mãe Pártenis, a única que não duvidara nunca de seu regresso, pois cria nas predições do Oráculo de Apolo.

Oprimida e perdida a sua terra de Samos, ele e sua mãe fugiam com todos os seus haveres. Corriam para a Grécia.
Não eram as coroas olímpicas, nem os lauréis do poeta, que seduziam o filho de Pártenis. A sua obra era mais misteriosa e maior: despertar a alma adormecida dos deuses nos santuários, dar a sua força e o seu prestígio ao templo de Apolo; e depois fundar uma escola de ciência e de vida, donde sairiam não políticos e sofistas, mas sim homens e mulheres iniciados, verdadeiras mães e puros heróis!

Pitágoras fundou sua escola em Crotona e adquiriu tanta força e poder que os pitagóricos tornaram-se objeto de rancor originado pela inveja dos que não conseguiam ali ser admitidos.
Havia um homem chamado Cilo que outrora tinha sido candidato à Escola. Pitágoras, muito severo na admissão dos discípulos, expulsara-o por causa do seu feitio violento e imperioso.
Ora, esse pretendente preterido tornara-se um adversário rancoroso e organizou um clube oposto aos pitagóricos e conseguiu atrair para si os principais condutores do povo e preparou nas suas assembléias uma revolução que deveria começar com a expulsão dos pitagóricos. Distorceu o que julgava ser a formação pitagóriga e organizou bandos com a finalidade de destruir o mestre e seus discípulos.

Uma tarde, em que os 40 membros principais da ordem Pitagóriga, incluindo o Mestre, estavam reunidos na habitação de Milo, Cilo e seus bandos cercaram a casa e lançaram-lhe fogo.

Trinta e oito pitagórigos, os primeiros discípulos do mestre, a flor da ordem, e o próprio Pitágoras sucumbiram, uns nas chamas do incêndio, outros às mãos do bando de Cilo.

Pitágoras foi um adepto, um iniciado de primeira ordem. Possuía a visão direta do espírito, a chave das ciências ocultas e do mundo espiritual. Ele bebia, pois, na fonte originária da Verdade.

Platão, que pediu a Pitágoras toda a sua metafísica, teve dela uma idéia completa, ainda que a revelasse por uma maneira menos vigorosa e menos nítida. Desses ensinamentos a Escola de Alexandrina ocupou os andares superiores; a ciência moderna tomou o rés do chão e consolidou-lhe os fundamentos; e um grande número de escolas filosóficas, de seitas místicas ou religiosas, lhe têm tomado como base. Nenhuma filosofia, porém, abrangeu ainda o seu todo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário