Prece de Cáritas

domingo, 5 de abril de 2009

Pensadores IV - Pitágoras

Pitágoras era filho de um rico negociante de Samos e de uma mulher chamada Pártenis. A pítia (sacerdotisa de Apolo que pronunciava oráculos no templo de Delfos), consultada em uma viagem pelos jovens esposos, prometera-lhes:

“Um filho que seria útil a todos os homens e em todos os tempos.”

E o oráculo havia-os depois mandado a Sidon, na Fenícia, a fim de que o filho predestinado fosse concebido, moldado e parido longe das influências conturbadoras da sua pátria.

Antes mesmo de seu nascimento, o infante maravilhoso foi votado com fervor pelos pais à luz de Apolo, pela lua do amor.

O menino nasceu; e quando tinha um ano de idade, a mãe, seguindo o conselho dos sacerdotes de Delfos, conduziu-o ao templo de Adonai, em um vale do Líbano. Ali o abençoou o patriarca, feito o que a família regressou a Samos.

O filho de Pártenis era muito belo, brando de gênio, moderado e cheio de justiça. Só a paixão intelectual brilhava nos seus olhos e dava às suas ações uma energia secreta.

Aos dezoito anos já tinha seguido as lições de Hermódamas de Samos; aos vinte, as de Federices em Siros e havia até tratado com Tales e Anaximandro, em Mileto.

Todos esses mestres lhe tinham revelado horizontes novos, mas nenhum o satisfazia. O que ele procurava incessantemente, no labirinto dos ensinos contraditórios, era o laço, a síntese, a unidade do grande TODO.

No entrementes o filho de Pártenis chegara a uma dessas crises em que o espírito sobreexcitado pela contradição das coisas, concentra todas as suas faculdades em um esforço supremo para entrever o princípio, para encontrar o caminho que conduz ao sol da Verdade, ao centro da vida.

Os sacerdotes de Juno haviam-lhe dito: “Antes da terra já existia o céu dos deuses, donde veio a tua alma. Adora-os para que ela lá regresse.”

Mas no fundo do seu ser, o futuro adepto ouvia uma voz invencível que respondia às cadeias da terra e aos esplendores do céu por este grito: LIBERDADE! Quem era, pois, que tinha razão: os sábios, os sacerdotes, os loucos, os desgraçados ou ele próprio?

Em uma visão grandiosa, Pitágoras viu os mundos moverem-se segundo o ritmo, a harmonia dos números sagrados. Adivinhou as esferas do mundo invisível envolvendo o visível, animando-o incessantemente. Viu tudo isto, e viu a sua vida e a sua obra, em uma visão instantânea e iluminada, com a certeza irrefutável do espírito que se encontra face a face com a VERDADE. Foi um relâmpago.

Entretanto, precisaria provar pela Razão o que a sua pura inteligência edificara no Absoluto; e, para isso, era necessário uma vida de homem, um trabalho de Hércules.

Adivinhou, então, pela primeira vez, o sentido do oráculo. Ouvira falar do prodigioso saber dos sacerdotes egípcios e dos seus mistérios formidáveis. Compreendera no entanto, que lhe faltava essa “ciência de Deus” para penetrar até o fundo da natureza, e que só nos templos do Egito a encontraria.

Desde então criou-se em seu espírito a resolução de se mudar para o Egito, e de ali se fazer iniciar.

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Em Pensadores V, narraremos sobre a jornada de Pitágoras a partir de sua chegada ao Egito em busca da compreeensão do TODO.

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